Jardim

Olhei o horizonte longinquo. - Estás mesmo? - tentei certificar-me. Desencostei-me ligeiramente da árvore para vê-la, sem que ela se apercebesse. Vi o quão bonita é. - Se não estiveres diz-me - avisei. - Já sabes o meu nome e o meu quarto - continuei a olhá-la.

-Estou. - dei-lhe a mesma resposta que tinha dado há alguns minutos atrás - Sim, eu sei. - mantive os olhos fechados e levei as mãos à relva brincando com esta última e puxando-a de vez em quando.

Assenti e suspirei voltando à minha posição de antes. Mantive-me calado durante o resto do tempo. Porque seria tão dificl percebê-la e falar com ela? Suspirei novamente.

Fiquei tanto tempo de olhos fechados que acabei por adormecer. Acordei não sei quanto tempo depois e fiquei muito alarmada. Olhei para o lado e Trevor ainda lá estava. Esfreguei os olhos e clareei a voz que estava rouca de certeza - Eu acho que me vou embora... estou cheia de fome. - informei.

Suspirei. - Tudo bem, eu fico aqui mais um bocadinho - estava a gostar de estar sozinho, na verdade estava com ela, mas era a mesma coisa que não estar com ninguém.

Guardei todas as minhas coisas pondo a tela já seca debaixo do braço e levantei-me acenando-lhe - Adeus Trevor. - virei costas e fui-me embora.

Sorri levemente. - Adeus - acenei também. Fiquei ali mais umas horas a olhar a paisagem e depois sai para o meu dormitório.

Estava farta de estar no quarto, por isso depois de dar de comer ao cookie, sai do quarto, deixado o telemóvel ainda desligado lá dentro. Fui caminhando pelo camp até sair deste e ir parar a um jardim que eu conhecia bem. Sorri olhando em volta e sorri ainda mais quando a vi aos saltinhos a apanhar flores. - Lilly Moore! - chamei-a alto. Ela deixou cair as flores que tinha na mão e virou-se na minha direção com um sorriso gigante - Ruby! - veio a correr até mim e abraçou-me com força - Temos ligado e tu não atendias... e os pais deixaram-me vir aqui sozinha e eu não sabia que estavas aqui. - disse ela de rajada. Ri-me e dei-lhe um beijo na testa - Está tudo bem princesa. Tenho tido uns problemas com o telemóvel nada de mais. - menti-lhe. Não a queria deixar preocupada e assustada. - Queres ir dar uma volta? Mandas mensagem aos pais a dizer que estás comigo e que eles não têm de se preocupar. - ela assentiu com a cabeça e deu-me a mão.

-O Kev - fiz uma careta olhando para ela - esse é aquele que se drogou não é? - perguntei saindo do quarto com ela. Ainda não o conhecia e já não gostava dele. - Já falaste com ele ? - perguntei curioso. - aposto que desenhas melhor.

Suspirei levemente e assenti à sua pergunta.
- Sim, é esse.- murmurei. Fui observando a paisagem à minha volta e sorri quando chegámos ao jardim. Agarrei na sua mão e puxei-o até à parede que outrora estivera completamente branca.- ele mandou-me uma mensagem a dizer que estava tudo bem.- encolhi ligeiramente os ombros.- e ele também desenha bem, eu estava a brincar.- fiz uma careta. Apontei com o queixo para a parede e olhei-o.- é aqui.

-Só isso? Uma mensagem? - Revirei os olhos - Ele deixa-te preocupada e depois só manda uma mensagem a dizer que está tudo bem e caga? - encolhi os ombros abanando a cabeça - juro que não percebo esta gente - suspirei. Olhei para os desenhos e depois para ela - qual é o teu?

- Ele deve estar com alguém.- encolhi os ombros.- e o que importa é que ele está bem.- murmurei, soltando um suspiro. Mordi o lábio quando percebi que estava meio chateado e toquei-lhe no braço.- não tem problema, eu não preciso que as pessoas se preocupem comigo.- disse baixinho e olhei a parede quando perguntou qual era o meu desenho. Aproximei-me da parede e passei as mãos pelo desenho da minha tatuagem.- é este.- sorri levemente.

-Precisas sim - olhei-a - toda a gente precisa de alguém que cuide delas - encolhi os ombros olhando para o chão e depois para a parede. - tens razão, és bem melhor que ele - sorri. Virei-me para ela e suspirei - eu tomo conta de ti.

Encolhi ligeiramente os ombros e continuei a deslizar a minha mão pela parede.
- Eu não preciso.- suspirei levemente. Fiz um sorriso convencido e ri-me depois.- é, foi o que eu disse.- mordi o lábio e olhei-o também, aproximando-me ligeiramente.- tomas? - sussurrei, olhando os seus olhos.

-Cala-te - resmunguei mal humorado quando ela disse que não precisava e desviei o olhar para o desenho assentindo às suas duas perguntas mas ficando quieto quando ela se aproximou. - sim, se deixares. Também tomaste conta de mim.

Revirei-lhe os olhos quando me mandou calar e acabei por me sentar no meio do chão, com as costas encostadas à parede. Ergui o meu olhar para ele e mordi o lábio.- eu deixaria, se soubesse que o podias fazer a tempo inteiro o que não é o que acontece, de todo.- murmurei.- quando eu não estiver cá.- e estiver com o meu pai, acrescentei mentalmente.- ninguém vai conseguir tomar conta de mim.

Fiquei a olha-la e dei por mim a aceitar um desafio, apesar de ela não me estar a provocar e estar apenas a dizer que eu não podia fazê-lo eu já considerava isso como um desafio. Nem sequer estava a pensar nas consequencias mas algo me dizia que por detrás daquelas tatuagens todas havia alguém que precisava de ser cuidado.
-Desafio aceite - disse-lhe sentando-me ao lado dela - eu vou cuidar de ti - olhei-a.

Fui brincando com os meus dedos enquanto evitava a todo o custo olhá-lo. Eu não podia mostrar-me frágil junto de ninguém. Eu tinha de parecer a Sam que não se importa com nada e que não sofre com nada também. Apesar de eu não ser assim, infelizmente, tinha de parecer. Mordi a parte de dentro da bochecha quando o ouvi e suspirei levemente.
- Nem sabes no que te vais meter.- sorri sem vontade.

Encolhi os ombros mordendo o lábio.
-Eu gosto de desafios, tu pareces um interessante - disse brincando com os meus atacadores das sapatilhas tendo as pernas encostadas ao meu peito.

Olhei-o pelo canto do olho e mordi o lábio, sorrindo muito discretamente. Ele era a primeira pessoa a ter vontade de me descobrir. Não sabia se ia correr bem, mas ele parecia decidido.
- És sempre assim? - olhei em frente.- é porque és a primeira pessoa a querer tomar conta de mim.

Levantei uma sobrancelha e baixei outra fazendo uma careta estranha e confusa.
-Assim como? - perguntei sorrindo levemente - e vou continuar a ser a primeira pessoa. - encolhi os ombros.

Encostei a minha cabeça à parede e olhei-o, rindo-me baixinho com a sua careta.
- Assim, com vontade de descobrir as pessoas mais obscuras.- mordi o lábio levemente. Passei as mãos pelo cabelo quando uma pequena rajada de vento o despenteou e ergui uma sobrancelha.- como podes ter tanta certeza disso?

Encolhi os ombros com a sua pergunta.
-Não és obscura. Apenas tens problemas - disse brincando com um pau que estava no chão. - Porque eu não vou desistir. Eu não te conheço, mas passo a conhecer.

Problemas...
- Tu deves ter vindo de outro planeta, acredita.- ri-me sem vontade.- nunca pensei que alguém, algum dia iria ter vontade de me descobrir.- confessei enquanto mordiscava o meu lábio inferior e encostei, a medo, a minha cabeça ao seu ombro.- obrigada Jack.

Olhei para ela quando se encostou ao meu ombro e engoli em seco mordendo do lábio mas acabei por trazê-la para mais perto de mim.
-Eu também preciso de uma amiga.

Cheguei o meu corpo para junto do dele e sorri ao senti-lo puxar-me para ele.
- Se quiseres, eu posso ser essa amiga.- mordi o lábio e ergui a cabeça, batendo com o nariz no seu pescoço.

Estremeci quando senti a respiração dela junto ao meu pescoço e assenti olhando para um ponto fixo, ou seja, uma árvore.
-É isso que pretendo fazer de ti.

Ergui uma sobrancelha quando o vi estremecer. Mas tu queres ver que este pecado nunca esteve com uma rapariga? Mordi a parte de dentro da bochecha e só para a testar, dei um beijinho no seu pescoço, ficando depois muito quietinha.
- Então aviso-te que vai ter de me aturar.- falei contra a sua pele. Ups!

Tentei parecer normal quando ela me beijou o pescoço, mas acabei por engolir em seco. Tu nem pareces um rapaz. disse a outra parte para mim fazendo-me morder a parte de dentro da minha bochecha.
-Não faz mal, não é muito dificil - disse ficando todo arrepiado da cabeça aos pés.

Senti a sua pele arrepiar-se debaixo dos meus lábios e tive de morder o lábio com força para não me rir. Rocei o meu nariz na sua pele de galinha e fui subindo devagarinho até à sua orelha. Sam Golightly, tu ainda me matas o rapaz.
- Sempre queres ir comer o gelado? - falei ao seu ouvido.