Quarto da Sam Golightly

Passei as mãos pela cara e continuei a olhar o tecto, enquanto as lágrimas me escorriam pela face. Bethany, a mulher que estava com o meu pai, tinha-se ido embora e eu, eu tinha-me trancado no meu quarto. Não o queria ver, não queria falar com ele, não conseguia. eu tentava convencer-me sempre de que ele estava diferente, que ele ia mudar, que ia deixar de beber por finalmente perceber que não precisa disso para conseguir ultrapassar os seus problemas. Ele não conseguia perceber que ao beber, em vez de se livrar dos problemas arranjava mais um, a dependência. Porque é que eu não tinha paz? Já não bastava não ter mãe? Não era castigo suficiente? Eu não era de todo das melhores pessoas, mas seria tão má ao ponto de tudo me acontecer?
- És a melhor pessoa que conheci até hoje...- a voz de Jack ecoou na minha cabeça e eu encolhi-me, agarrando-me a uma almofada. Se eu era assim tão boa pessoa como ele dizia, porque é que o tinha deixado? Eu tinha tantas saudades dele...eu não conseguia controlar.
- SAMANTHA! - estremeci quando ouvi fortes pancadas na porta e agarrei a almofada com mais força, encolhendo o meu corpo até este ficar parecido a uma bolinha. As lágrimas em vez de pararem, continuaram a correr e o meu corpo começou a tremer automaticamente.- SAI JÁ DAÍ ANTES QUE EU ME PASSE DA CABEÇA.- ele continuou a gritar. Respirei fundo várias vezes e quando arranjei coragem, abri a boca para falar.
- Eu não vou sair.- disse o suficientemente alto para que ele ouvisse.
- TU NÃO O QUÊ? - ouvi algo embater na porta. Talvez fosse uma cadeira. Todo o meu corpo estremeceu e foi como se as feridas me doessem de novo.- SAI JÁ DAÍ, EU TENHO FOME E QUERO QUE ME FAÇAS O COMER.- vi a maçaneta da porta rodar e quando ia entrar em pânico, lembrei-me de que tinha trancado a porta.
- Vai pedir à Bethany que te faça o comer.- disse apenas e olhei a janela. Eu conseguia fugir dali se quisesse.
- CALA-TE, CALA-ME ESSA BOCA! - era como se eu conseguisse vê-lo a puxar os seus próprios cabelos.- ELA É APENAS MAIS UMA PUTA, COMO TU ÉS E COMO A TUA MÃE FOI.- não, eu não era isso, eu não podia ser isso.
- Eu só vou sair quando acalmares, não preciso que me batas de novo. - murmurei e apertei a almofada contra o meu corpo.- precisava tanto que estivesses aqui.- disse muito baixinho.

Estava a começar a desesperar, é que já nem era pânico, era mesmo desespero. As horas pareciam não querer passar e eu já puxava os cabelos. Assim que se deu a primeira chamada eu saí a correr sendo uns dos primeiros a entrar no avião. Descola! Descola! Rápido! Fechei os olhos para me acalmar, não queria ter um ataque aqui, muito menos agora.
Não sei muito bem como é que aconteceu mas quando abri os olhos já estavamos no méxico e eu nem me lembro de ter adormecido. Levantei-me agarrando na minha mini mala e comecei passar toda a gente olhando em volta e fazendo uma pequena careta. Aquilo para um aeroporto era um bocado pequeno de mais. Encolhi os ombros saindo directamente visto que não tinha que apanhar nenhuma mala e comecei a pensar no mais dificil. O méxico era grande. Como é que eu a ia encontrar? Passei as mãos pela cara olhando em volta e vendo as pessoas a passarem por mim. Oh meu deus, como eu detestava pessoas. Cerrei o maxilar engolindo em seco. Eu podia começar pelo mais simples, começar a perguntar às pessoas que passavam. Mas boa... eu não sabia outra língua. Bati com a palma da mão na testa e comecei a andar pelas ruas.

Abri os olhos devagar, esfregando-os da mesma forma. Não me lembrava de ter adormecido, mas ainda bem que o fizera, pelo menos assim tinha conseguido ignorá-lo. Por falar no meu pai, ele parecia ter desistido pois já não se ouvia mais nenhum grito seu. É agora, já posso sair. Levantei-me da cama e arranjei a roupa, bem como o cabelo. Caminhei até à porta e destranquei-a, rodando depois a maçaneta para a abrir. Ele não me ia fazer mal, ele já estava mais calma, ele era meu pai, ele gostava de mim. Se me perguntassem se isto era a verdade ou aquilo em que eu tentava acreditar, eu não teria resposta. Às vezes tinha esperança que se acreditasse muito numa coisa ela poderia vir mesmo a acontecer. Mas normalmente, isso nunca acontecia, eu era sempre surpreendida pelo destino. Destino esse, bastante traiçoeiro. Suspirei demoradamente e fui caminhando pela casa, erguendo uma sobrancelha ao ver que ele não estava na sala, o seu sítio predilecto. Encolhi ligeiramente os ombros, se ele não estava em casa eu sempre podia aproveitar para dar uma volta, ir comer algo decente. Peguei numas chaves que estavam em cima da mesa de centro e dirigi-me até à porta, pronta para sair.
- Mas onde pensas que vais? - soltei um gemido de dor quando senti uma mão agarrar-me no cabelo e puxar-mo, fazendo-me inclinar para trás. Era ele, mas de onde é que ele tinha aparecido?
- Pai...- falei a custo, devido à dor que aquilo proporcionava.- estás a magoar-me..- murmurei baixinho.
- Tu estavas a tentar fugir, não estavas sua cabra? - o cheiro a álcool emanava do seu corpo de uma forma tão intensa que enjoava.- tu ias fugir, ias fazer como ela, ias fugir de mim.- agarrou-me com mais convicção nos cabelos e fez com que a minha cabeça embatesse na porta. Gemi e fechei os olhos, quando comecei a ver tudo andar à volta.
- Pára, por favor...- pedi baixinho.
- Tu ias fugir ! Tu ias fazer o mesmo que ela, tu ias embora ! - ele só gritava e a dor de cabeça que sentia, aumentava a cada segundo. Senti uma coisa molhada escorrer-me pela testa e quando percebi que estava a sangrar, comecei a entrar em pânico. Outra vez...Ele só gritava, ele não parava. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu corpo e quando me virou para ele, nada vi sem ser a sua figura desfocada pelas mesmas.- porque é que estás a chorar? Pára de chorar! Tu só choras, és uma fraca, não fazes mais nada sem ser chorar ! Não serves para mais nada, sem ser chorar! És fraca! És uma fraca! - não, eu não podia ser fraca, eu tinha de ser forte.
- Eu...eu...- queria falar, mas as suas mãos desceram até ao meu pescoço, agarrando-o com força. Ele estava a estrangular-me, eu não conseguia respirar. Comecei a debater-me contra o seu corpo, batendo no seu peito enquanto tentava que ele parasse com aquilo. Eu não queria morrer.

De vez enquanto abordava algumas pessoas e dizia apenas o nome dela, algumas não percebiam e eu fazia gestos, estava todo perdido. Engoli em seco quando entrei num bairro um bocado para o assustador. Eu podia ser adoptado e ter estador dez anos num orfanato mas eu nunca tinha andado por sítios parecidos a estes nem mesmo quando fugia para as ruas mais sombrias e na verdade tinha um bocado de medo. Eu estava no méxico, neste momento era uma pessoa de outra nacionalidade que parecia rica em comparação com os outros. Vi uma mulher que não parecia de todo ser mexicana e aproximei-me dela dizendo apenas o nome. Ela sorriu-me não percebendo à primeira.
-Conhece? Samantha Golightly - perguntei baixinho. Era pouco provavel que não, isto era gigante. Havia muitas casas e muitos bairros como este. Quando a senhora começou a abanar a cabeça dizendo que sim arregalei os olhos.
-Eu já ouvi falar dela - disse com um sotaque cerrado mas que dava para perceber. - Eu sei que ela mora por aqui - arregalei os olhos sorrindo e vendo para que lado ela apontava.
-Obrigado - sorri mordendo o lábio e comecei a ganhar esperanças.

O meu corpo foi atirado para o chão com tanta força que por momentos deixei de me sentir. De joelhos apoiados no chão, de olhar carregado de raiva e sem piedade, a sua mão esbofeteou a minha cara vezes e vezes sem conta. Eu implorava-lhe, com as poucas forças que tinha, que parasse com aquilo. Mas só parecia que que em vez de parar, ele continuava cada vez mais. A minha pele ardia. Era um ardor insuportável e demasiado doloroso. Nunca me tinha pensado em morrer, mas naquele momento perguntava se seria menos doloroso. As suas lágrimas molhavam-me a cara ferida, percorrendo o caminho outrora percorrido pelas minhas. Tinham secado. Não sei se com a dor que sentia ou se era por não querer ser fraca, mas eu já não estava a chorar. Os gritos brotavam pelos meus lábios e o meu corpo encolhia-se a cada ataque seu. Eu não tinha como o parar. Era a sua força e a sua raiva contra a minha fragilidade. Ele estava a descarregar, ele estava a descarregar tudo o que sentia, em mim. Quando deixei de sentir o ardor da sua mão na minha cara, pensei que já tinha chegado ao fim, que ele tinha parado, que finalmente tinha parado, mas foi aí, nesse mesmo instante que a biqueira das suas botas embateu nas minhas costelas, fazendo com que o barulho de as ouvir partir me fizesse arregalar os olhos. Eu nunca tinha sentido tanta dor em toda a minha vida. Os seus pontapés repetiam-se, um atrás do outro e de repente o meu sangue foi cuspido pela minha boca, como se eu tivesse a morrer aos poucos.

A partir daquela casa a única solução para a encontrar era bater em todas as portas daquela rua e perguntar o mesmo. Já estava farto de o fazer até chegar a uma a que podia bater e bater que não abriam a porta, mas eu sabia que estava alguém em casa, havia um carro na garagem e as janelas estavam abertas, estas pessoas não tinham cuidado com os roubos. Ouvi um grito que me apertou o coração. E se fosse ela? Podia ser coincidencia, podia ser outra pessoa, mas e se fosse ela? Ela viva por aqui, podia ser ela. Engoli em seco passando a mão pela testa suada por causa dos nervos e assim que ouvi outro grito apenas dei um pontapé na porta que provocou um estrondo. Eu ia ser preso se fosse preciso mas eu hoje estava por tudo. Assim que a porta se abriu a minha mala caiu na entrada e eu olhei em volta vendo a sala e num canto um homem um bocado nojento em pé, ele olhou-me irritado e eu tentei ver para trás do sofá. Escapei-me por baixo do braço dele entrando em casa e assim que percebi que os reflexos dele estavam lentos comparadoscom os meus fui ver quem era a rapariga. Arregalei os olhos ao ver o cabelo preto de Sam e quando lhe vi a cara percebi. Era ela. Oh meu deus, era ela, era ela!! Eu tinha conseguido encontra-la em pouco tempo, era ela!! Que sorte. Que sorte. Fechei os olhos quando senti uma dor na cara e percebi que o cota me tinha dando um murro. Forte era ele, mas lento. Eu nunca tive muita força para começar uma luta, mas sempre que alguém começava acontecia algo e eu mudava, não era eu e batia, batia com muita força e ainda por cima era agil. Senti outro murro do outro lado e dei um passo para trás.
Foi uma questão de segundos até lhe agarrar pelos colarinhos e manda-lo contra a parede espancando-o sem sequer ver onde acertava, só sei que houve um tempo que também usei as pernas e só parei quando a minha mão bateu na parede, ou seja ele estava caído no chão. Meio desmaiado. Vi Sam ainda acordada e debrucei-me sobre ela limpando-lhe o sangue da cara.
-Eu encontrei-te - murmurei sorrindo. Estava tão feliz ao mesmo tempo, por ter conseguido encontra-la, eu nunca tinha pensado sinceramente, isto é grande, demasiado grande para tê-la encontrado em tão pouco tempo mas eu tinha encontrado. Agarrei no corpo frágil dela ao colo e tirei-a dali indo com ela para a entrada depois de fechar a porta. - Como é que eu chamo uma ambulancia? - perguntei a mim mesmo com o telemóvel na mão.

Eu já não sentia nada, por mais que ele me batesse eu estava tão dormente que já não sentia nada. Os meus sentidos estavam fracos e eu esforçava-me ao máximo para me manter acordada. Estremeci quando ouvi baterem à porta e engoli em seco, gritando com as dores. Ele começou a reclamar e não tive bem a certeza se ele tinha aberto a porta, eu já nem força tinha para conseguir perceber o que acontecia à minha volta. Eu não me lembro de muito, apenas sei que ouvi gritos, coisas a irem contra a parede. Ouvi o meu gemer com dor e de repente, tudo tinha acabado. Fechei os olhos durante uns segundos e quando os voltei a abrir com dificuldade, vi Jackie. Espera...o Jackie? O meu Jackie? Quer dizer, o Jackie? Gemi com dor quando agarrou no meu corpo e respirei fundo várias vezes, tentando controlar o meu corpo.
- Tu...- tossi, cuspindo sangue assim que o fiz. Levei as mãos ao peito com um grito e tentei olhá-lo.- tu...- estiquei a minha mão ensanguentada até ao seu rosto e acho que consegui sorrir. Eu estava no céu, só podia. Eu já tinha morrido. Era impossível ele estar mesmo ali.- jackie..- os meus olhos fecharam-se lentamente e foi aí que me deixei levar.

Sorri-lhe quando ela percebeu quem eu era mas assim que fechou os olhos abanei a cabeça.
-Não, acorda - abanei-a ligeiramente e deixei a minha mala ali, apenas colocando o telemóvel no bolso. Pus-me a correr estrada acima, para a casa da mulher que me percebi e comecei a bater à porta com o pé. Ela apareceu à porta horrorizada e eu só conseguia pedir ajuda para ela, era tudo o que vinha à minha mente para dizer a ela. - Ajuda - murmurei olhando para Sam e ela disse que ia ligar a uma ambulância.
-Se tu morrer, eu vou ficar tão zangado contigo - disse já à espera da ambulância e fiquei contente quando ela chegou rápido, pelo menos isso. Tiraram-ma dos braços e meteram-na numa maca, um homem veio falar comigo mas eu não percebi nada e pedi à senhora para lhe falar sobre o pai dela. Pelos vistos eles disseram que iam chamar outra ambulância e iam interroga-lo. Entrei na mesma onde Sam estava e esfreguei os olhos, sentia-me tão cansado e assustado, só queria uma cama agora. Adormeci por momentos e só acordei quando chegámos ao hospital, que não parecia grande coisa.

*Samzinha off :c*

A ambulância, que não era nada de jeito, como tudo o resto naquela terra, parou mal chegaram ao hospital e os paramédicos saíram, retirando a maca com Sam de dentro da mesma. Um dos paramédicos olhou Jack que acabara de acordar e olhou depois o colega.
- Se ele soubesse como as coisas são aqui, levava a miúda directamente para o cemitério.- falou na sua língua enquanto transportava a maca para dentro. Como já tinham percebido que Jack não falava de todo a mesma língua que eles apenas lhe fizeram um gesto, como que a dizer que ele tinha de ficar pela sala de espera. Levaram Sam para dentro e depois de diagnosticados graves danos interiores, tiveram de levá-la para o bloco. O mísero bloco operatório.

Sentei-me na mini sala de espera e uma enfermeira apareceu olhando para mim com uma cara preocupado. Olhei os olhos azuis dela e encolhi-me no banco. Ela ergueu o braço para me tocar na cara.
-Não me toques - resmunguei baixando-o.
-Está a ficar inchado, devias ver isso - disse ela na minha língua, engoli em seco, doía-me um bocado demais mas eu não ligava neste momento, como ela percebia isso sentou-se ao meu lado e começou ela própria a cuidar de cada uma das minhas bochechas. - Pronto - sorriu-me - queres saber notícias de alguém?
Assenti com a cabeça.
-Sam Golightly. - suspirei.

A enfermeira assentiu e levantou-se, indo buscar a capa com as fichas dos clientes.
- Ora...- murmurou enquanto procurava pela ficha certa.- Samantha Golightly, é isso? - esperou que Jack assentisse e depois mordeu o lábio.- ela foi agora mesmo levada para o bloco, teve de ser operada.- suspirou.- ela estava mesmo mal.

Suspirei com o que ela disse e passei a mão pelo cabelo fechando os olhos por momentos.
-Depois... pode vir dizer-me? - perguntei - o que se passa?.. eu não percebo nada - suspirei.

A enfermeira assentiu com um sorriso e tocou-lhe no ombro.
- Mal a operação acabe eu venho dizer-te, não te preocupes.- disse com a sua simpatia habitual e depois, voltou para dentro enquanto a cirurgia decorria.
Passaram-se duas horas desde que a cirurgia tinha começado e Sam era agora levada para o recobro. A operação tinha corrido bem, mas infelizmente, Sam tinha entrado em coma, ninguém sabia explicar o porquê, aliás, naquele hospital, eram poucos os que sabiam alguma coisa.

Comecei a bater com o pé no chão. Estava a começar a entrar em stress e nas condições em que estava não sabia se isso era bom ou mau, tinha medo de ter um ataque no hospital, podia magoar alguém. Passei as mãos pelos cabelos e puxei-os até alguém me tocar no ombro.

A enfermeira decidiu esperar até que Sam fosse transferida para um quarto, para o caso de ele a querer ver. E quando isso aconteceu, foi ter com Jack, tocando-lhe no ombro.
- Já tenho novidades...- murmurou.

Levantei a cabeça largando os meus cabelos e mordi o lábio.
-Ela está bem? - perguntei levantando-me mas ela não parecia muito feliz.

Jullie, a enfermeira, olhou Jack e suspirou. De todas as coisas que tinha de fazer no seu trabalho, informar os familiares era o que mais lhe custava. Muitas das vezes, ficava com eles, partilhando a sua dor.
- A operação correu bem..- murmurou.- mas a paciente, ela...entrou em coma.

Fechei os olhos suspirando de alívio quando ela disse que a operação tinha corrido bem e olhei-a quando falou do coma.
-Mas.. ela pode acordar certo? - perguntei segurando-a pelos ombros e olhando-a.

Jullie assentiu com um suspiro e afastou-se.
- Pode, pelo menos é o que esperamos que aconteça.- encolheu ligeiramente os ombros.- queres vê-la?

Assenti com a cabeça, isso era o que eu queria mais que tudo.
-Sim - murmurei. Eu queria ir vê-la e assim foi. Jullie levou-me até ao quarto dela e eu aproximei-lhe tocando-lhe na bochecha boa.

Jullie abriu o quarto e deixou que Jack entrasse. Ficou uns minutos em silêncio, mas depois aproximou-se, tocando-lhe de novo no ombro.
- Eu vou deixar-te sozinho, qualquer coisa que precises sabes como me chamar.- murmurou e saiu do quarto, deixando Jack e Sam sozinhos.

Assenti com a cabeça sentando-me na cama e passando a mão pelo seu braço ligado até chegar à sua mão apertando-a.
-Vais acordar não vais? - perguntei ao mesmo tempo que tirava oo telemóvel do bolso para mandar uma mensagem a Ruby.

O corpo de Sam estava frágil, muito frágil. Tinha nódoas negras por todo o lado, duas costelas partidas e montes de ferimentos. Ela nunca pensara que o pai chegasse ao ponto de lhe bater daquela maneira, apesar de ter medo, ele era o seu pai, e ela tinha de confiar nele.

Fiquei a olhar para ela montes de tempo e do nada comecei a sorrir e a rir baixinho. Agarrei no telemóvel e tirei-lhe uma foto, quer dizer, montes de fotos. Mordi o lábio para parar de rir mas eu não conseguia, havia algo de muito engraçado ali.

*Samzinha on ^^*

Eu não podia ter morrido, não podia. Eu sentia as dores, eu ainda conseguia senti-las. Doía-me o peito e a barriga, doía muito. Vá lá Sam, tu não podes ter morrido, não podes, ainda tens tanta coisa para fazer. Concentrei todas as forças que tinha e quando o meu pensamento parou em Jack, os meus olhos abriram-se devagar. Oh meu deus, eu não estava morta. Passei a língua pelos lábios e fechei os olhos com força quando uma luz branca os encadeou.
- Hum...- murmurei com alguma dificuldade.

Quando guardei o telemóvel ainda a rir o sentimento que provocava o meu comportamente desapareceu por completo porque ela abriu os olhos. Apertei a sua mão com mais força e beijei-a.
-Sammy - murmurei acariando-lhe a bochecha e sorri.

Gemi quando senti algo contra os meus lábios e quando abri os olhos vi que era Jackie. Beijei os seus lábios muito devagarinho e respirei fundo com alguma dificuldade.
- Tu...estás mesmo.- engoli em seco.- aqui.- olhei os seus olhos, antes de fechar os meus.

Vi-a fechar os olhos e não sabia se aquilo era bom sinal mas não a podia impedir.
-Eu encontrei-te - murmurei sem nexo. Abanei a cabeça respirando fundo e beijei-lhe a mão.

Mexi os meus dedos, mexendo-lhe na cama e sorri muito ao de leve. Virei a cara para ele e abri os olhos muito devagarinho.
- Eu pensei...em...ti.- pestanejei devagarinho e passei a língua pelos lábios.

Sorri com o que ela disse mas toquei-lhe nos lábios para a mandar calar.
-Não fales - estiquei-me para chamar a enfermeira. - Vais ficar bem - prometi - podes dormir.