Ponte

Estremeci quando ele se virou de repente para mim e os meus olhos arregalaram-se ao ver o estado em que ele ficara. Oh por favor, mais dramas não. Apenas assenti, mas não disse mais nada. Eu já tinha percebido que aquele assunto mexia demasiado com ele, não queria pô-lo pior.- Jackie, tem calma pode ser só uma coincidência.- murmurei e aproximei-me dele, ajudando-o a sentar-se num banco.- tudo bem, não vais encontrar, agora acalma-te.- sussurrei e toquei-lhe no cabelo, massajando-lhe depois o peito.

Passei a mão pelo cabelo engolindo em seco e deixando que se aproximasse um pouco quando me fez sentar.
-Estou calmo - disse apesar de não estar e senti a mão dela no meu peito. Agarrei-a com cuidado e afastei-a a mesma deixando que ela me tocasse no cabelo. - Porque é que estás a fazer isto? - perguntei desconfiado.

Revirei levemente os olhos. Mas que vício que as pessoas tinham em dizer que estavam bem quando não estavam. Deixei que afastasse a minha mão do seu peito, mas continuei a mexer no seu cabelo, olhando-o quando falou comigo.
- Porque apesar de teres medo de mim eu costumo ajudar as pessoas quando estas se sentem mal.- resmunguei face ao seu ar desconfiado.- e podes parar de olhar assim para mim que não me assustas.

Levantei uma sobrancelha, mas não disse nada, eu não tinha medo dela, tinha medo do que ela podia dizer, tinha medo que ela me humilhace como muitos faziam, ainda por cima tinha-me aberto com ela sem mais nem menos e sem a conhecer de lado nenhum, - Não estou a tentar assutar-te.

Apenas assenti e continuei a mexer no seu cabelo de forma algo distraída.
- Desculpa se fui eu a assustar-te.- suspirei.- eu não queria gozar-te ou magoar-te, mas eu pensava que eras o Kev...- murmurei enrolando o seu cabelo no meu dedo.- desculpas?

Subi o meu olhar com o que ela disse e assenti ao seu pedido de desculpas.
-Desculpada - assegurei ficando paradinho a receber as festinhas no cabelo que ela parecia estar a gostar de fazer.

Sorri levemente e debrucei-me para ele, dando-lhe um beijinho na bochecha.
- Obrigada.- agradeci sinceramente. Eu não sei o que se andava a passar comigo mas eu estava a precisar urgentemente de deixar de ser simpática. Suspirei demoradamente e continuei a mexer no seu cabelo, concentrando-me no mesmo.

Olhei para ela que ainda me estava a massajar o cabelo e depois fechei os olhos. Aquilo era relaxante, mais relaxante do que ela podia imaginar.
-É melhor eu ir andando - disse ainda de olhos fechados.

Os meus olhos estavam presos nos meus dedos a deslizarem pelo seu cabelo, só esperava que aquilo o ajudasse mesmo. Kev não me saía da cabeça, eu tinha-o perdido de vista, não sabia onde é que ele estava nem como estava. No estado em que ele se encontrava, até tinha medo do que pudesse ter acontecido. Engoli em seco, sentindo os olhos arderem e afastei-me quando ele falou.
- Tu é que sabes.- murmurei.

Mordi o lábio percebendo que estava preocupada com o outro gajo e agarrei na mão que já tinha mexido no meu cabelo.
-Eu ajudo-te a encontra-lo - levantei-me.

Abandonei os meus pensamentos assim que senti a sua mão agarrar a minha.
- Mas...- murmurei já em pé.- tu disseste que não o querias ver.- passei uma mão pelo cabelo.- não precisas Jack, a sério.

Mordi a parte de dentro da bochecha e agarrei-lhe no braço puxando-a pela ponte a baixo.
-Vamos procura-lo - disse olhando os seus olhos e depois abanei a cabeça. Ok.. isto não foi teu. Controla-te Jack por favor.

Fiz uma careta quando o senti agarrar-me no braço e olhei-o, tentando manter a calma. Não Sam, ele não é o teu pai, ele não te vai fazer nada.
- Jack...- murmurei com um suspiro doloroso.- estás a magoar-me.- sussurrei, olhando os seus olhos.- nós vamos procurá-lo mas larga o meu braço.- pedi calma demais.

Larguei-a assim que me apercebi do que estava acontecer e respirei fundo enterrando as mãos nos bolsos e mordendo o lábio.
-Onde é que estiveste com ele pela última vez? - perguntei.

Suspirei aliviada quando me largou e massajei o meu braço, olhando em frente antes de lhe responder.
- No bar, é aqui perto.- murmurei.

Olhei em frente e tranquei as minhas mãos uma na outra não conseguindo parar quieto.
-Há montes de bares por aqui - disse fazendo uma careta - leva-me lá.

Saí daquele pandemónio cheio de gente na marmelada e caminhei pelas ruas, chegando à ponte.
Debrucei-me sobre os ferros e observei o rio por baixo, onde os patos nadavam em filinha e se viam peixes de um lado para o outro, formando cardumes.
Olhei para as margens e vi um grupo de rapazes colados a mim e fiz um sorriso cínico.
- Sou boa, não sou? - disse-lhes alto e eles começaram a assentir feitos idiotas. - E as vossas namoradas sabem que andam a apreciar outras? - fiz uma cara desafiadora e sorri.
Um deles levantou-se e começou a andar, olhando-me.
- Não temos namoradas, querida. Nenhum de nós. - sorriu e começou a subir a ponte, fazendo-me olhá-lo. - E não nos importavamos nada de nos divertir contigo.
Arqueei o sobrolho enquanto ele se continuava a aproximar.
- Ai é? Olhem que interessante. Porque não se divertem sozinhos? - dei um passo atrás para o afastar.

-dias depois
Estava aborrecido no meu quarto, já tinha fodido com a mesma loira do dia que tinha chegado ao camp mas já era muito usada, mal tinha sentido alguma coisa. Sai do quarto, indo dar uma volta pelos arredores e indo parar a uma ponte. Estava na minha a ver aquelas mariquices da natureza quando vi uma miuda na ponte e e um grupo de rapazes, seriam assim tão cobardes que só fodiam se as violassem. Enfiei as maos nos bolsos e fui até la vagarosamente - Então rapazes, que se passa aqui? - perguntei, passando por eles e vendo quem era a miúda - Tu morena? - revirei os olhos - Bem o espectaculo acabou, toca a dispersar

Ouvi uma voz conhecida quando já os outros se tinham juntado à festa, fui até Blake devagar e agarrei-lhe no braço levemente.
- Sim, eu. - revirei os olhos.
Vi os rapazes olharem.
- E quem és tu para mandares? - o que se tinha dirigido a mim primeiro disse para Blake. - A miúda ia alinhar na festa. - disse todo convicto.

- Quem sou eu? - ri-me, olhando para o baixote - Eu sou aquele que tem o dobro do teu tamanho e se não te puseres a andar te vai dar um enxerto de porrada - olhei-o seriamente e os amiguinhos aproximaram-se - a sério, tu não te queres meter comigo - disse, agarrando-a pela cintura e puxando-a para mim - toca a andar

Engoli em seco ao ouvi-lo falar com eles e depois puxou-me pela cintura.
- Para onde? - murmurei, olhando-o.

- Não me interessa, vai-te embora. Mete-te a correr e não pares até chegares ao teu dormitório - olhei-a - a não ser que queiras ficar aqui para seres violada ou então a ver-me dar um enxerto de porrada a estes miúdos - desviei o olhar dela e um preparou-se para dar um soco mas eu agarrei-lhe o punho que cabia perfeitamente na minha mao - esqueci-me de mencionar que sou boxer - apertei o punho, obrigando-o a baixar-se - e que sei artes marciais

Olhei-o.
- Vai ter comigo. - pedi.
Como estava de sapatilhas foi fácil desatar e correr e só parei no camp, entrando no meu quarto e encolhendo-me na cama.

- Eu vou - revirei os olhos e ela começou a correr. Porque raio tinha eu dito que ia? Vi-a desaparecer da minha linha de visão - Bem rapazes, ela foi-se embora e acho que não é necessário eu dar-vos um enxerto nem deixar-vos no estado do vosso amigo - o miúdo já estava de joelhos no chao a suar com as dores, provavelmente já estava partida mas mesmo assim apertei-a mais, dando-lhe uma joelhada forte na cara e ele cair para o lado. - a serio? - perguntei, revirando os olhos quando eles se começaram a lançar a mim, apanhando ai uns bons socos mas no fim deixando-os caidos no chão. cuspi um bocado de sangue e fiz uma careta - eu não disse que ia ser bonito - sai dali, indo ter ao quarto da morena

Suspirei, eu sabia que não devia ter contado, eu sabia. Era tão burro. Por momentos passei a mão pela cabeça para desaprovar o que tinha feito, mas continuei e deixa-la encostada a mim indo para o sítio onde a tinha conhecido.

Estremeci quando senti uma corrente de ar trespassar-me pelo corpo e apertei o casaco, mantendo-me encostada a ele. Quando vi para onde ele me tinha levado, mordi a minha bochecha, suspirando. O sítio onde nos tínhamos conhecido.
- Qual das partes queres que relembre? - sorri sem vontade.- a parte em que te chamei de Kev ou quando te chamei de Jackie Chan?

-A parte do Jackie Chan é mais engraçada, mas não precisas de relembrar, ainda. Passou pouco tempo - sorri para ela beijando a sua testa e fui encostar-me à ponte olhando para o rio que passava por baixo de nós.

Aproximei-me dele, encostando a cabeça no seu peito e rodeei a sua cintura com os meus braços.
- É mau? - olhei o rio também.- ter passado pouco tempo e já estarmos assim? - se bem que eu não sabia muito bem como estávamos, mas mais do que amigos éramos de certeza.

Neguei com a cabeça acabando por encolher os ombros.
-Só se tu achares mau - disse puxando-a para se sentar no chão e fiz isso encostando a cabeça ao muro. Estava tanto calor. - eu não acho mau.

Ergui uma sobrancelha quando me puxou para me sentar no chão, mas acabei por ficar quieta.
- Não.- abanei a cabeça.- eu não acho mau, muito pelo contrário.- mordi o lábio e olhei-o.- estás com calor? - perguntei ao vê-lo encostar-se ao muro.