Jardim

-Sam, ele bate-te - disse arregalando os olhos - está bem, tem ataques de raiva e bate-te, mas não pode ser assim, ele não pode continuar a magoar-te! - exclamei tentando abrir-lhe os olhos - Ouve-me - pedi e puxei-a para um banco. - Eu sei, o que é apetecer bater a toda a gente - garanti-lhe - secalhar sei tão bem quanto ele, mas eu não ando a descarregar nas pessoas porque me apetece! - olhei-a nos olhos - porque é que não faz mal? És masoquista? Curtes a dor quando ele te bate?

- Eu sei que ele me bate.- encolhi os ombros. Acho que estava a chegar a parte em que eu me arrependia de lhe ter contado. As pessoas nunca percebiam.- mas Kev, não faz mal ele bater-me, a sério.- olhei-o também e recostei-me no banco. Passei as mãos pelo cabelo e engoli em seco.- não, não curto da dor quando ele me bate. Não, não sou masoquista.- fechei as mãos com força.- mas ele não tem mais ninguém percebes? Ele bebe para esquecer e eu só o lembro dela.- levantei-me e comecei a andar tentando fugir antes que ele me visse a chorar.

-Nananana - agarrei na mão dela antes que ela se fosse embora e puxei-a para mim - Porque é que não te importas? - perguntei - eu percebo, ele bebe, só te tem a ti e tu tentas dar-lhe apoio mas como bate-te porque tem ódio à tua mãe, eu percebi isso, não percebo é porque é que teu deixas que ele te bata.

Engoli em seco quando o senti puxar-me e deixei-me ficar em pé, suspirando.
- Como é que sabes que ele odeia a minha...mãe? - não costumava dizer estas palavras muitas vezes, pois não a considerava como tal. Passei uma mão pela cara para limpar as lágrimas e sentei-me no seu colo. Fodasse, mas porque é que eu chorava sempre quando falava nisto? - eu preciso de sentir que o ajudo em alguma coisa sabes? Nem que seja em deixar que ele...

-Porque se a ama-se ele violava-te.- engoli em seco e mordi o lábio não querendo falar muito sobre isso antes que nós os dois ficássemos transtornados. Abracei-a passando-lhe a mão no cabelo - Não o estás a ajudar, acredita que não estás.

Estremeci com o que ele disse mas não disse nada, estava deprimida o suficiente. Encostei a minha cabeça no seu ombro e rodeei o seu corpo com os meus braços.- achas mesmo que não estou? - perguntei baixinho.

-Acho - murmurei - ele precisa de ajuda para parar de beber - mordi o lábio com força. Não podes falar muito não é Kevin? - Ele precisa de..acompanhamento psicológico e de descarregar a falar, não a bater-te.

Escondi a minha cara no seu pescoço enquanto o ouvia e suspirei assentindo.
- Eu só quero ajudá-lo, custe o que custar.- murmurei.- porque apesar de tudo ele é meu pai, sabes?

Fui sentar-nos de novo no banco para que ela se acalmasse. Acho que já não falava tanto e com uma pessoa à séculos. Deixei que ela ficasse com a cabeça encostada ao meu pescoço e assenti com o que disse.
-Percebo. Ele há-de ficar-te grato.

Ajeitei-me quando nos sentou no banco e fui fazendo desenhos imaginários com o meu indicador no seu peito.
- Não sei...- suspirei.- não sei se ele tem capacidade para saber valorizar algo, ele está acabado Kev, completamente acabado.- engoli em seco.

Engoli em seco com o que ela disse e abanei a cabeça.
-As pessoas só estão acabadas quando morrem. Tem calma e paciência.

É, talvez ele tivesse razão. Talvez o meu pai não estivesse ainda totalmente acabado, talvez eu ainda conseguisse lutar por ele e com ele. Soltei um longo suspiro e a minha cara saiu do seu esconderijo no seu pescoço.
- Obrigada, e...desculpa ter-te contado isto, não era suposto.- murmurei olhando-o.

-Não te preocupes - dei-lhe um beijo rápido e tirei-a do meu colo - Volta lá à Sam que tira a paciencia às velhas - ri-me levantando-me com ela.

Sorri contra os seus lábios e levantei-me com ele.
- Tens a certeza que queres essa Sam de volta? - gargalhei enquanto, sem ele ver, tirava uma lata de tinta da mala.- é que ela está com uma ideia que não sei se te vai agradar.- comecei a rir-me que nem uma maluca. Apontei-lhe a lata e depois de a agitar, comecei a pintá-lo.- ups! - ri-me.- oh kev, parece-me que ficaste mais sujo de repente.- fingi uma cara de espanto, preparando-me para fugir.

Arregalei os olhos quando me pintou e olhei para mim.
-Sim, muito obrigado, vou ter que tomar banho outra vez - resmunguei - antes só tinha que lavar as mãos - queixei-me.

Revirei os olhos com tanta resmunguice e endireitei-me pois não ia precisas de fugir, estava mais que visto.
- Deixa-te de ser chato.- dei-lhe um encontrão.- eu não quero ser a única a ter de tomar banho e estás ainda mais bonito.- ri-me.

-Ainda bem que estou mais bonito - olhei para ela - tu continuas horrível - agarrei-lhe numa lata e passei-a pelo camisola toda e pelas mãos. - Agora sim - assenti com a cabeça rindo-me.

Revirei os olhos de forma exagerada e comecei a praguejar baixinho.
- Obrigadinha pelo elogio ahm? Sinto-me uma nova pessoa.- resmunguei e dei-lhe um soquinho no peito. Arregalei os olhos quando o vi sujar-me ainda mais e saltei-lhe para as cavalitas.- retiro o que disse, és um feio horroroso de qualquer maneira.- resmunguei.

-Vais ficar com os olhos tortos quando fores velha e depois eu é que vou andar a irritar-te - disse rindo-me quando a vi revirar os olhos de uma maneira totalmente desnecessária. - De nada - sorri levando a mão ao peito quando ela me deu um soco. - Isso é o que tu dizes agora - disse agarrando-a quando me saltou para as cavalitas e fui andando até ao camp.

Mordi-lhe a orelha.
- Os meus olhos vão ser sempre lindos e direitinhos.- resmunguei. Apertei a sua cintura com as minhas pernas e rodeei o seu pescoço com os meus braços.- e vou dizer sempre porque sujaste-me ainda mais seu gay.- murmurei.

-Não sei não - piquei-a rindo-me. Agarrei-a com mais força quando me apertou a cintura e olhei para trás.
-Tu estás a tentar irritar-me ou estás a tentar que eu te arraste para um canto? - perguntei pelo facto de estar a murmurar à minha orelha.

- Isso é tudo inveja dos meus lindos olhos Kev? - piquei-o também. Mordi-lhe a bochecha quando olhou para trás e ri-me, fazendo-me de desentendida.- eu gosto de te falar ao ouvido.- murmurei de novo.- não achas giro?

-Inveja dos teus olhos? - ri-me - Olha para os meus - apontei para os meus olhos, toda a gente dizia que eram bonitos - Acho muito giro, acho, não me provoques muito - ri-me continuando entretido a ir para o Camp.

Resmunguei baixinho mas mordi levemente o lábio quando olhei os seus olhos azuis.
- Os meus olhos também são bonitos seu estúpido.- mordi-lhe novamente a bochecha e ri-me, voltando a aproximar a minha boca do seu ouvido.- eu não te estou a provocar.- murmurei.

-Pois são, mas não tenho inveja nenhuma dos teus olhos - ri-me virando a cara quando ela me mordeu e consegui morder-lhe o nariz. - Estás sim, sua tarada - brinquei com ela num tom resmungão. Quando chegámos novamente ao camp olhei para mim, todo badalhoco. - agora vou tomar banho. - resmunguei.

- Tens sim, faz-me feliz e concorda.- resmunguei fazendo uma careta quando me mordeu o nariz.- sabes por acaso se eu o limpo?- tentei parecer séria e muito verídica.- eu? Tarada? Impossível.- fiz uma cara de espanto. Opá, eu era mesmo boa actriz. Ajeitei-me nas suas costas quando estava a começar a escorregar e ri-me com o seu resmungo.- eu sei que é um grande feito para a humanidade tu tomares banho, foi por isso que te sujei.

-Não te posso fazer feliz - ri-me e fiz uma cara enojada com o que ela disse - que nojo Sam - resmunguei começando a fazer carretas todas enojadas e coloquei-a no chão quando ela estava quase a cair - Eu tomo banho, gosto de cheirar bem para as babes.

- Porque é que não me podes fazer feliz meu amor, porquê depois de tudo? - representei de forma dramática já no chão.- eu estava a brincar oh.- resmunguei, dando-lhe um pequeno encontrão. Puxei os calções para cima e ri-me.- eu sei coisa fofa, eu sei.- apertei-lhe as bochechas.

-Eu sei que estavas - dei-lhe um encontrão de volta agarrando-a antes que ela fosse para o meio da estrada e ainda fosse atropelada. Quando ela se pôs a apertar as minhas bochechas fiz uma careta - Eu juro que me assustas. Acho que quem vai fugir sou eu - ri-me despenteando-a. - Olha - chamei-lhe à atenção - queres ir sair? Hoje à noite, só um bocadinho. - pedi.

Desequilibrei-me ligeiramente com o seu empurrão e agradeci mentalmente por ele me ter agarrado.-oh coisa, eu sou magrinha sabes? Desequilibro-me facilmente, ainda para mais com um empurrão teu, seu bicho.- resmunguei começando a rir-me.- porque é que te assusto? - apertei-lhe as bochechas com força, chateada.- sou tão boa pessoa, e não foges nada.- espetei-lhe um dedo no nariz, fulminando-o com o olhar quando me despenteou.- agora arranja! - mandei.- isso é quase como perguntares ao padre se quer ir dar a missa.- ri-me quando perguntou se eu queria ir sair.- claro que quero coisa fofa.- fiz uma voz toda fininha.