Parapente

- Não sei... - disse encolhendo ligeiramente os ombros. - Mas sei que não és mentirosa ao ponto de inventar isso... e não tinhas motivos para me mentir acho eu.

Olhei para ele continuando com o meu olhar sério. - Também nunca me perguntas-te se era essa a minha vocação... - comentei, e era verdade.

Fiz uma cara estranha. - Não foi preciso perguntar... eu sei que não é. - encolhi os ombros, conseguia perceber que ela não era mentirosa, não sabia porquê mas percebia.

Coloquei-me frente a frente com ele e olhei-o nos olhos e acabei por me rir. Dei-lhe mais uma chapada no seu braço, com pouca força, como sempre. - Devia ter filmado a tua cara. - comentei a rir.

Fiz-lhe uma careta quando ela começou a rir-se da minha cara. - Parva. - revirei os olhos mas ri-me também. - Olha quem pode estar a mentir sou eu...

Ajeitei o meu cabelo porque com o vento estava a ficar todo fora do seu devido lugar. - Ai é? - perguntei curiosa com o que vinha dali. - Então porque?

- Humm não sei... - disse. - Tudo o que eu tenho estado a dizer pode ser mentira. Eu posso ser por exemplo, um traficante de droga... - engoli em seco quando disse aquilo.

Olhei para ele sem dizer nada por algum tempo. - Para mim, não tens ar disso... - acabei por dizer, tendo quase a certeza que ele estava a tentar enganar-me também.

- Pois talvez não tenha. - disse. - Mas viste-me a drogar-me, eu tinha ar de quem fazia isso? - perguntei olhando-a atentamente.

Baixei o olhar sabendo que ele estava a dizer uma grande verdade. - Pois, tens razão. - acabei por murmurar. Estaria ele a falar mesmo a verdade? Não, não podia ser.

Vi como ela estava a ficar, e fiquei com pena dela por estar a dizer-lhe estas coisas e ainda para mais por estar a falar na porcaria da droga. - Estou a brincar contigo. - sorri.

Olhei para ele fazendo uma careta.- És mesmo parvo. - disse acabado por me rir. O meu telemóvel vibrou no meu bolso e olhei para ele fazendo uma careta. - É a minha mãe... - informei-o. - Olá mãe, dá-me só um minuto. - pedi e procurei em toda a minha mala um papel onde escrevi o meu número e o depositei depois na sua mão. - Até depois. - sorri e voltei a estabelecer a ligação com a minha mãe e acabei por andar para o meu quarto enquanto ela me fazia mil e uma perguntas.

Peguei no papel que ela me dera com o seu número de telemóvel e guardei-o no bolso, assim que ela se foi embora fui também, voltando para o meu quarto.