Quarto da Ruby Moore

Tropecei várias vezes mas a voz que me chamava Jack disse que faltava pouco tempo e eu apenas deixei-me levar. Ouvi uma porta a bater e caí sem conseguir andar mais caindo contra uma coisa dura que me fez gemer.
-Cyn... espera

Ajudei-o a deitar-se na cama e suspirei. O Cookie veio a correr da caminha dele para que eu lhe fizesse festas - Olá lindo. - sorri e dei-lhe umas festinhas na cabeça - Já te dou comida. - fui até à casa de banho buscar umas toalhas e um alguidar com água para trazer para o quarto e sentei-me na cama ao lado do Jack.

Olhei em todas as direcções tentando reconhecer o sitio onde estava, mas percebi que não conhecia, devia estar no hospital.
-Vais conseguir - murmurei fechando os olhos sem forças - vais conseguir.

Suspirei enquanto ele continuava a falar como se estivesse noutro sitio. Mordi o lábio e despi-lhe a camisola. Não o ia violar nem nada do género, credo, só queria tomar conta dele... Coloquei o pano dentro de água e espremi-o. Aproximei-o dos cortes nos pulsos dele e limpei-lhe as feridas.

Fechei os olhos com força gemendo quando senti alguma coisa nos meus pulsos e quando os abri vi uma rapariga o que me fez sorrir um bocadinho.
-Ola anjo.

Desviei o olhar para a cara dele quando o ouvi falar. - Precisas de alguma coisa? - perguntei-lhe atirando o pano para o alguidar e enrolei uma ligadura no pulso direito dele.

Olhei para Cynthia que também estava ao lado da desconhecida.
-Mata-o. Mato-o. - dizia-lhe e a verdade é que sempre que ela tocava nos meus pulsos doía, mas o toque era delicado.o
-Não lhe dez ouvidos - disse arrependido do que tinha feito. Eu queria vivier.

Levantei-me para ir para o outro lado da cama para colocar a ligadura no pulso esquerdo também - Eu não lhe dou ouvidos. - disse-lhe depois de ele falar. Passei o pano húmido pela testa dele e levei as coisas para a casa de banho.

Apesar de ter ouvido o anjo a falar Cynthia continuava a chatea-la para que me continuasse a matar, até que já não a conseguia ouvir mais, ela estava a falar tanto e tão alto.
-Argg deixa-me - gritei bem alto.

Voltei para o quarto com água lavada e outra toalha e pousei as coisas na cabeceira. Ouvi-a o Jack a falar mas eram coisas sem sentido por isso nem dizia nada. Fui colocar ração no prato do Cookie que assim que acabou de comer se foi deitar na sua almofadinha. Voltei para perto da cama e descalcei-o - Sei que não estás bem em ti mas não penses coisas... - disse-lhe quando lhe desapertei as calças.

Desta vez quando voltei a sentir o toque dela não me doeu nada.Deixei que ela fizesse o que quisesse de mim e fechei os olhos sentindo-me bem cansado.
-A Sam? - perguntei atordoado e voltando ao meu estado de não lucidez adormecendo mal fechei os olhos novamente.

Depois de lhe despir as calças, levei a roupa toda dele para uma cadeira. - Eu não sei - olhei para ele adormecido e suspirei - quem é a Sam. - voltei a passar-lhe o pano pela testa e puxei um lençol para cima para o tapar. Despi a minha roupa e troquei pelo meu pijama que era uns calções e um top e fui deitar-me no sofá que tinha perto da cama do Cookie.

Abri os olhos, ou pelo menos tentei e agarrei-me a uma almofada que cheirava a uma rapariga de certeza mas que desconhecia.Bocejei espreguiçando-me, mas arrependendo-me de o fazer, a minha cabeça doía muito e não parava, parecia que os meus pensamentos andavam a mim. Agarrei numa almofada colocando-a por cima e respirei fundo enquanto tremia de frio.

Acordei de manhã com uma grande dor de costas. Espreguicei-me e vi o Cookie sentado no fundo da cama a olhar para o Jack como se o tivesse a guardar ou a controlar. - Anda cá. - ele veio logo ter comigo e fiz-lhe festinhas. Levantei-me do sofá e vi-o na cama a tremer de frio. Fechei melhor os cortinados e puxei-lhe as mantas para cima. De seguida tirei-lhe a almofada da cara.

Abri os olhos quando senti a falta da almofada na minha cara e estremeci agarrando-me mais aos cobertores. Olhei para a rapariga, ao qual eu chamei anjo na outra noite e fiz uma careta, eu devia estar a incomoda-la.
-Eu vou embora - disse levantando-me mas mal o tentei a minha cabeça caiu direita na almofada.

Ia empurra-lo para estar quieto mas nem foi preciso - Deixa-te estar sossegado. - disse-lhe enquanto passava a toalha na testa. Pelo menos já dizia coisa com coisa - Estás melhor? - perguntei-lhe.

Passei a mão pela testa sentindo uma toalha molhada por isso tirei e deixei-me ficar paradinho como ela me tinha pedido. - Não sei - disse e vi ligaduras nos meus pulsos. Levei um dedo a um deles e fiz uma careta - au foda-se m**** caralhinho - queixei-me porque aquilo doía.- eu... - fiz uma careta olhando para a rapariga - diz-me o teu nome. - pedi fechando os olhos.

- Não mexas. - mas já era tarde. - Eu sou a Ruby. - olhei para ele. Se calhar não estava assim tão bem como parecia... - Queres que te traga alguma coisa, Jack?

Abri os olhos e continuei a olhar para os meus pulsos. Outra vez? A sério? Respirei fundo e fiz uma careta levantando as sobrancelhas. Tentei lembrar-me se alguma vez lhe tinha dito que me chamava Jack mas eu pouco-me me lembrava dela, só tive alucinações. - Eu não me chamo Jack - olhei-a. - Chamo-me Kevin. - agarrei mais nas mantas, estava a morrer de frio.

- Hm... - olhei para ele. O Jack tinha-me dito que era adotado, não tinha falado de nada sobre irmão gémeo mas se calhar nem sabia - Hm... desculpa Kevin devo ter feito confusão. - olhei para ele - Queres que vá buscar mais mantas?

Sorri levemente para ela e encolhi os ombros um bocadinho, era o minimo que podia fazer.
-Não faz mal, - disse tossindo um bocadinho e assentindo com a cabeça - sim por favor - disse a tremer.

Levantei-me da cama e fui até ao roupeiro buscar mais duas mantas. Estiquei-as em cima dele e olhei-o - Estás melhor assim? - perguntei preocupada.

Quando ela se levantou e me foi buscar duas mantas colocando-a em cima de mim agarrei nelas e aconcheguei-me assentindo - obrigado - disse fechando os olhos.- Porque é que me trataste por Jack? - perguntei, apesar de estar a morrer de frio ainda não me tinha esquecido disso.Oh pois, eu não me podia esquecer.

Sentei-me na ponta da cama com o Cookie a roçar-se nas minhas pernas à espera de festas. Estiquei a mão para aquele mimado enquanto olhava para o Kevin - Eu confundi-te com uma pessoa. Vocês são - iguais - muito parecidos e pensava que eras ele.

Assenti procurando quentinho encostando a minha bochecha a ela e aconchegando-me nas cobertas, os meus pulsos doíam, eu não me lembrava de os ter cortado, apenas de sentir a dor e de a ter ignorado, mas sabia o porquê de o ter feito.
-Prometo que me vou embora assim que o frio passar - disse.

Levantei a mão e fiquei um momento sem saber se o deveria fazer mas acabei por ceder e ignorar as vozinhas que tinha na cabeça e fiz-lhe festinhas no cabelo - Não tens de ir embora. Não estás em estado de ir embora e ficar sozinho. Só te deixo ir embora se tiver a certeza que não ficas sozinho nesse estado. - ri-me quando o Cookie se aproximou de nós e deu-lhe uma lambidela no bochecha.

-Obrigado - agradeci sem saber se ela deveria mesmo fazer isso, estava a empatar as coisas que ela tinha para fazer. Fiz uma careta quando senti uma coisa suave e húmida na minha bochecha e abri os olhos vendo o cão dela a lamber-me não só a bochecha e o nariz - olá cão- sorri.

Agarrei no Cookie e puxei-o para mim - Desculpa o Cookie. Ele costuma fazer coisas sem que as pessoas estejam à espera. - dei-lhe festinhas na cabeça e olhei para o Kevin - E não tens de agradecer, tens é de deixar de ser teimoso e ficar ai sossegado a melhorar.

-Não precisas de pedir desculpa - sorri esticando uma mão para tocar no cão, mas depois arrepiei-me todo com as ligaduras e voltei a colocar de baixo das mantas virando-me para ela e colocando-me na posição fetal como se fosse um bebé - eu vou ficar.