Estábulo

Andei por aquela zona do campo sem saber muito bem por onde andava porque era a primeira vez que saia do meu quarto desde que tinha chegado à cerca de uma semana, porque na verdade não conhecia ninguém.
Por minha sorte tinha tido para a um estábulo nem sei como, mas eu adorava aquilo por isso nem pensei duas vezes em avançar mais e foi isso que fiz: caminhei para junto das celas onde estavam os vários cavalos e num deles passei a minha mão pela sua crina.

Caminhei pelo campo de férias inteiro, até encontrar um lugar que eu gostasse. Ao longe avistei um estábulo, o que me fez aproximar. Caminhei por lá até chegar a um cavalo de cor preta, que me olhava fixamente. Dei-lhe uma festa, e reparei que estava uma rapariga ao meu lado, a dar também uma festa a um cavalo.
- Gostas de cavalos? - Perguntei-lhe.

Assustei-me ligeiramente com uma voz masculina a meu lado e quando olhei para quem tinha falado sorri simpaticamente, porque era assim que eu era, simpática e normalmente não tratava mal as pessoas interdependente da aparência.
- Olá. - cumprimentei-o antes de responder à sua pergunta. - Gosto, tu também?

Ri-me levemente, tinha-me esquecido até de a cumprimentar. Mas não disse nada à cerca disso, talvez até não tivesse levado a mal. Retribui o seu sorriso, que por acaso era muito bonito.
- Sim. - Respondi à sua pergunta. - Já andei numa escola de equitação e gostava imenso. - Continuei. - Já agora, sou o Andrew. - Apresentei-me, levantando a minha mão na sua direcção.

Coloquei uma mecha do meu cabelo castanho escuro atrás da minha orelha e voltei a sorrir-lhe. A primeira pessoa com que se fala gostar de algo como eu, era muito fixe.
- Eu também, mas tive de desistir por falta de tempo. - fiz uma careta, porque as aulas do último ano tinham-me ocupado grande parte do tempo. - Sou a Aria. - sorri.

Sorri novamente ao ouvir o seu nome, era bonito e fazia-me lembrar... delicadeza.
- É por vezes não temos tempo para tudo. - Concordei, sabia o que isso era. - Já estás cá à muito tempo Aria? - Perguntei saber.

Passei novamente a minha mão por cima do focinho de cavalo que parecia ter gostado de mim, ou se calhar apenas gostava de festas.
- Á coisa de uma semana, e tu? - perguntei olhando para ele.

Observei-a a dar festas ao cavalo.
- Cheguei ontem à noite. - Respondi à sua pergunta. - Por isso não conheço nada disto, nem sei onde fica o meu quarto. - Ri-me.

Ri-me da sua afirmação.
- Eu acho que deve ser no mesmo edifício que o meu, mas não tenho a certeza. - afirmei com uma careta. Era estranho ele ter chegado ontem à noite não saber o seu quarto...

Assenti levemente, provavelmente ela tinha razão.
- Pois, deve ser. - Encolhi os ombros. - Já se comia alguma coisa. - Admiti e sorri levemente. - Ainda não almoças-te, pois não?

Apesar de não ter muita fome, e eu não ser pessoa de comer muito, muito pelo contrario, porque as pessoas achavam sempre que comia muito pouco.
- Não, não almocei. - respondi à sua pergunta. - Queres ir almoçar? - convidei-o.

Assenti levemente.
- Claro. - Sorri. - Tens algum lugar em mente? - Pensei em que tipo de restaurantes haveriam por aqui.

Fiz uma careta, meia envergonhada.
- Eu não conheço nada de nada disto. - ri-me. Conhecia o meu quarto e mesmo assim já era muito, e agora os estábulos. - Mas podemos ir 'à descoberta'.

Ri-me com ela. Estranho... ela fazia-me sentir bem.
- Então está decidido, vamos à descoberta. - Concordei.

Ajeitei a minha mala sobre o meu ombro.
- Vamos, então? - perguntei sorrindo.

Sorri também.
- Vamos. - Concordei e saímos dali.

Estacionei o carro um bocado longe do sítio para ele não o saber logo e abri a porta do carro, saindo do mesmo e esperando por ele.
Quando saiu, tranquei o carro e coloquei-lhe a chave no bolso, puxando-o comigo pela presilha das calças.
- Estamos no meio do nada. - provoquei-o e virei-me para ele, colocando-me de bicos de pés e dando-lhe um chocho. - Anda.

Sai do carro quando reparei que ela também saira e fiquei a olhar para a paisagem, realmente ela tinha razão. - Vais-me levar onde? - perguntei, seguindo-a - Allison não me apetece fazer joguinhos

- Para o meio da palha. - e não era mentira.
Agarrei-o no braço e aproximamos-nos na casa e sorri ao ver cavalos com a cabeça de fora das portinhas de madeira; puxei-o até um completamente branco e fiz festas no focinho do animal.

Fiquei a olhar para o animal e depois para ela - andas a cavalo? - perguntei - allison não me apetece fazer nada, só me apetece estar sozinho. afinal onde é que me querias levar? - perguntei impaciente

- Não, mas gosto de cavalos.
Revirei os olhos e virei-me para ele.
- Ouve, eu não sei o que se passa, e já vi que não queres falar, mas já reparei que estás mal e não te vou deixar sozinho agora porque ainda fazes asneiras. - fi-lo sentar-se e sentei-me à sua frente, tocando na sua bochecha com um dedo. - Não sou insensível, Blake. E gostava que confiasses em mim.

- Pois, mas eu sou - levantei-me repentinamente, afastando-me dela e andando de um lado para o outro - eu sou insensivel e não quero saber do que queres ou gostavas que acontecesse. O meu irmão acabou de morrer achas que me preocupo minimamente se gostas disto ou daquilo? - perguntei, dando um pontapé a um fardo de palha

Abri e fechei a boca sem saber o que dizer e encolhi-me no meu canto, olhando-o a andar de um lado para o outro.
Suspirei e levantei-me, arrastando um pequeno fardo de palha e parando-o, virando Blake para mim e abracei-o com força.
- Shh... - murmurei. - Vai ficar tudo bem.

Suspirei e deixei que ela me abraçasse, olhando um ponto no céu - claro que vai ficar, até porque devia ter sido eu a morrer e não ele. se antes já me odiavam, então agora nem vale apena aparecer em casa - encolhi os ombros

Fi-lo olhar-me.
- Tu não tiveste culpa. - disse lentamente, olhando-o nos olhos. - E olha que estou a dizer-te isto em cima de palha e sinto-me prestes a cair. Agradecia que me pegasses ao colo ao algo assim.
Fiz uma pausa.
- Retomando: tu não tiveste culpa. Estavas comigo e, bem, estavas com uma deusa.

Suspirei, agarrando-a e dando um pontape no fardo de palha - pronto já te segurei - encolhi os ombros - sim, foi culpa minha. eu é que devia ter ido lá para onde ele foi, ele foi no meu lugar porque eu não quis ir, a culpa é minha

Enrolei as pernas envolta do seu quadril e abracei-o pelo pescoço, continuando a olhá-lo.
- Ouve, Blake, as coisas acontecem porque têm que acontecer. Não foste porque não tinhas que ir e ele foi porque quis, não? - fiz uma pausa. - Ao menos não ficaste chateado com ele porque te matou um peixe. - encolhi os ombros. - É... gémeo? - perguntei-lhe.

- Não fui porque não me apeteceu ir para aquela m**** e ele foi no meu lugar, ele foi e morreu. - desviei o olhar do seu - nao, era quase. ele nasceu tres meses antes de mim - encolhi os ombros - mas isso nao interessa - pousei.a no chao, indo bater com os punhos na parede

Ouvi-o e depois encostei-me à parede do estábulo.
- Vais magoar-te. - murmurei, olhando-o.
Puxei-o de novo para mim e prendi-lhe os braços.
- Não te magoes Blake. Por favor. - brinquei com os seus dedos. - Nem te culpes.