Jardim

Fui arregalando os olhos à medida ela roçava o nariz no meu pescoço e abri a boca para falar mas não saiu nada, por isso levantei-me de repente e meti as mãos nos bolsos tentando fazer com o que o meu corpo recuperasse do que ela tinha feito.
-Sim.

Afastei o meu nariz do seu pescoço e olhei-o, tentando continuar séria a todo o custo. Levantei-me tal como ele tinha feito e olhei-o, vendo o seu ar todo atrapalhado. Eu tinha de me controlar, ai tinha tinha. Sacudi os calções e aproximei-me dele, beijando-lhe a bochecha.
- Vamos lá amigo.- agarrei no seu braço e puxei-o dali.

Olhei para ela quando se agarrou ao meu braço e assenti olhando para ela de lado. Ok, afinal se ela ia continuar a fazer aquilo ia ser complicado, mas era eu que gostava de desafios...
- hm... - murmurei desoriantado e olhei para os lados - onde é que é?

Quando cheguei ao jardim onde ia acontecer a feira sorri. Aquilo era enorme e já estava tudo montado. A Lilly que estava a brincar numa das diversões da feira, assim que me viu veio a correr abraçar-se ás minhas pernas. Dei-lhe um beijinho na cabeça e abracei-a antes de ela me levar onde estava a minha mãe. Enquanto eu e a minha mãe viamos se estava tudo funcional e tentavamos ao máximo que a feira corresse bem, a Lilly foi brincar.
Às três da tarde as pessoas começaram a chegar. - Ruby, lá na sala está um cabide com o teu nome, tens lá a roupa para ti, Ainda é cedo podes vestir-te mais daqui a bocado vai descansar. - sorriu e deu-me um beijo na testa antes de ir. Fui para uma especie de casa e atirei-me cansada para o sofá. Quando eram quase cinco, levantei-me e fui mudar de roupa, para o vestido escolhido pela minha mãe.

Spoiler:

Demasiado bem vestida mas a minha mãe sempre tinha sido assim.. Sai para a barraquinha dos beijos e substitui a Lilla que era quem estava lá. - Ai credo vou morrer. - disse e fez uma careta - Ai meu deus é assim tão mau?
- Eles são montes e montes e tens velhos e putos é nojento. Simplesmente não abras a boca e faz toque e foge. Pelo menos é menos nojento. Boa sorte, - tocou-me no ombro e foi embora, Sentei-me na cadeira e fiz uma careta quando um rapaz da minha idade subiu para se sentar no banco da frente e nos beijarmos.

Procurei a barraquinha dos beijos por todo o lado e tive a sorte de a ver sentar-se. A fila era enorme e sinceramente eu não ia esperar ali tanto tempo para lhe ir dar um beijo. Passei a fila toda e dei-lhes um olhar de "eu sou bom" sorrindo depois para Ruby. Tirei um gajo da cadeira.
-Vai beijar outra - resmunguei sentando-me e dando-lhe uma quantia elevada para receber o meu beijinho.

Estava a aproximar-me do moço quando vi o Kev a passar a fila e a sorrir-me. Tentei não me rir quando ele empurrou o rapaz que ficou chateado e se sentou. Peguei no dinheiro e coloquei-o na caixa que estava atrás de mim e ri-me quando voltei a virar-me para ele - Nunca te disseram que passar as filas é feio?

-Nunca ninguém te disse que és tão linda que tens uma fila de mais de dez metros só para te dar um beijo? - perguntei sorrindo - Vais-me dar esse beijo ou não? - perguntei olhando para trás vendo as pessoas chateadas - a qualquer segundo vou ser agredido. - arregalei os olhos ao ver quem vinha a seguir a mim - E tens aqui um gordo velho e nojento para beijar... eu tenho que te salvar disto.

- Então quem me dera ser horrivel. - fiz uma careta e olhei para quem tinha de beijar a seguir. Eu ia morrer. Puxei-o para mim pela camisola e beijei-o. Mas um beijo a sério não um como a Lilla tinha dito e como ia dar aos outros todos.

-Não digas disparates - sorri agarrando na sua bochecha e beijando-a como deve de ser, até senti as invejas dos outros a amaldiçoarem-me. O velho aproximou-se quando nos separamos e eu apontei o dedo para ela e mostrei-lhe um cartão de crédito. - Visa. - gozei - ponham-se a andar que eu vou ficar aqui muito tempo -virei-me para Ruby - prometo que dou o dinheiro - ri-me beijando-a mais e dando-lhe a minha carteira.

Ri-me quando ele me estendeu o cartão de crédito e voltei a beijá-lo enquanto pegava na carteira dele. - Keviiiiiiiiiiiiiiin! - ouvi a vozinha da minha irmã e separei o beijo - Malandros. - disse ela sorrindo e esticou a mão para ele - Anda comigo andar nos carrinhos de choque.. - fez beicinho.

Olhei para o beicinho da Lilly e depois para Ruby e dei-lhe outro beijo.
-Desculpa - pedi fazendo também eu um beicinho e agarrei numa carteira dando-lhe um maço de notas que tinha levantado só mesmo para isto.

- Não faz mal. - disse-lhe sorrindo e guardei o dinheiro todo que ele me deu na caixa. O outro sentou-se no banco quando eu o vi, de braços cruzados a olhar, encostado a um poste. Fez sinal com a cabeça e só me apetecia morrer. - Lilla! - vi-a a passar e agarrei-lhe no braço - Desculpa desculpa desculpa mas vais ter de voltar.. eu preciso de tratar de uma coisa... desculpa..
Respirei fundo e ponderei durante uns segundos fugir. Não valia a pena ele já sabia que eu estava ali por isso ia ter de ir falar com ele.

Sorri levantando-lhe e lancei um ar de mão aos gajos da fila, que continha algumas raparigas. Fui ter com a irmã de Ruby e abracei-a agarrando-a ao colo.
-Olá princesinha - sorri dando uma volta com ela fazendo-a rir - carrinhos de choque não é? - ela assentiu e eu fui com ela até eles.

- O que é que estás aqui a fazer? - perguntei-lhe quando cheguei até ele. Vi-o a olhar-me de alto a baixo e a sorrir - Estás linda, como sempre. - abanei a cabeça e engoli em seco.
- Tyler o que queres?
Ele suspirou e deseconstou-se - Quero falar contigo Ruby, isto de fugires não foi bom. Andei à tua procura, a tentar ligar-te, mas tu não querias saber do telemóvel. Podemos falar como adultos?
Virei-me para trás para ver o Kev e a Lilly nos carrinhos de choque lá ao fundo e suspirei - Vamos falar e depois deixas-me em paz. E é a sério, Tyler.
Ele assentiu e levou-me até ao carro dele. - Vamos só dar uma volta enquanto falamos. - suspirei e meti o cinto quando ele arrancou do parque de estacionamento.
- Fala. - disse-lhe cruzando os braços.
- Ruby, eu fui um parvo. Eu pensava que gostava dela mas ela não passa de uma cabra. E aquilo que eu te fiz.. desculpa.. eu andava passado porque estavas sempre a falar de acabar comigo e ninguém acaba comigo. Desculpa por te ter batido naquela noite e te ter deixado lá sozinha. Desculpa. - ele suspirou - A Carol deixou-me duas semanas depois, para me trocar por outro e eu percebi que te amava, que sempre te amei. Dizem que só percebemos o que sentimos pelas pessoas depois de as perdermos. - ele pousou a mão na minha perna e eu afastei-me.
- Se já falaste tudo, para o carro para eu sair. Não desculpo porque não foi a única vez em que me bateste, foi a mais grave. Não quero saber se o vosso românce não deu. Se tivesses vindo com esta conversa uma semana depois, podes ter a certeza que era tão idiota e apaixonada por ti que voltava para ti num instante, agora a resposta é não. Não quero nada contigo e deixa-me em paz Tyler ou eu falo com a policia. - tirei o cinto - Pára o carro! - gritei-lhe enquanto abria a porta.
Ele lançou as duas mãos para mim para me impedir de sair do carro, deixando por completo o volante. Não sei muito bem de onde apareceu, mas a última coisa que vi foi o carro do meu lado a ir contra a árvore. Depois disso senti-me de cabeça para o ar e perdi os sentidos.

-Outra vez! - pediu Lilly mas eu abanei a cabeça e olhei para o meu telemóvel.
-Não princesinha, faz-me um favor, podes ir chamar a tua irmã? - perguntei e ela assentiu indo a correr mas voltou com uma carinha triste. - O que foi?
-Ela já não está - suspirou.Fiz uma careta levantando-me e vi a mãe dela, não lhe conseguindo sorrir como habitualmente. Perguntei se sabia alguma coisa de Ruby mas ela disse-me que não dizendo que se calhar ela tinha ido para o colégio descansar e para eu ir ver, visto que ela não estava na casa de férias segundo o pai dela. Assenti um bocado ansioso porque ela devia-me ter dito e fui para o meu carro novo mal usado. Não gostava de conduzir desde que.. pronto, mas ainda conseguia fazê-lo uns quilómetros, apenas sozinha, tinha medo de matar alguém de novo. Estava a passar por uma zona com mais árvores quando vi um carro capotado. Fechei os olhos encostando por momentos a cabeça ao volante com as imagens a aparecer na minha cabeça e saí do carro respirando fundo algumas vezes. Comecei a ofegar quando vi que Ruby estava dentro do carro. Afastei-me meio em choque e passei as mãos pelos olhos. Não te lembres de nada agora, não te vai ajudar, não vai ajudar a Ruby, não vai ajudar a família dela quando souber que ela morreu. Não, ela não está morta. Mordi o lábio um bocado aflito quando que a porta dela estava presa e desapertei-lhe o cinto fazendo-a cair. Agarrei no seu corpo puxando-a pela janela. Não sabia se tinha feito bem mas precisava de saber se ela estava bem e por mais que eu gritasse ela.
-Ruby, fala comigo - murmurei passando a mão pela sua bochecha ensanguentada e limpei-lhe a testa que era de lá que vinha o sangue. Tanto sangue...

Quando abri os olhos, vi o Tyler a sair do carro - Não.. - ia pedir para ele não me deixar sozinha a morrer de novo, mas tal como antes, ele simplesmente foi embora e me deixou ali. Voltei a desmaiar e acordei a tossir sangue. Abri os olhos e vi o Kev a desapertar-me o cinto e a puxar-me pela janela e fiz uma careta de dor. - Kev. - sorri - Estivemos a pintar? - voltei a tossir - Tinta vermelha. - só via vermelho à frente.

Sentia-me estúpido por estar a chorar, mas estava e é porque ela era bastante importante para mim e as pessoas importantes para mim, as que me fazem mudar ou simplesmente sorrir e falar mais ou desaparecem ou morrem eu ficam chateadas comigo para sempre.
Sorri quando falou e assenti limpando a minha bochecha.
-Sim princesa - murmurei beijando-lhe a testa- fica acordada - disse agarrando nela - fica acordada -murmurei aconchegando-a e deitando-a no meu banco traseiro do carro. - FICA ACORDADA RUBY - gritei-lhe - FALA-ME. - pedi enquanto entrava no carro e reunia forças para liga-lo.

- Estás a chorar.. - disse baixinho quando senti a minha cara molhada e percebi que era das lágrimas dele. Não me conseguia mexer quando ele me deitou no banco e comecei aos tremeliques - Temos de voltar. A Lilla está no meu.. - tossi - Ela já .. muitos hoje.

Engoli em seco, estava a falar, falar é bom. Respirei fundo e comecei a andar numa velocidade moderada, mas moderada era igual a lentidão e morte rápida por isso acelerei até ao hospital mais próximo pouco me importando se velocidade também era igual a morte.
-Continua, diz-me alguma coisa. Eu não estava a chorar - menti.

Revirei os olhos com cara de má enquanto saiamos do campo de férias para o jardim - Que sorte que a Annie tem por eu a adorar.

Ri-me com o que ela disse e virei o olhar para ela.
- Nós temos de sair à rua Di, de uma forma ou de outra.- encolhi os ombros.

Revirei os olhos e encolhi os ombros exageradamente - Por mim passavamos o dia todo no quarto. Ou na piscina. - disse com um sorriso - Ou na praia. Pronto, no quarto ou num sitio com água.

Ri-me com os seus ciúmes e continuei a andar a seu lado.
- Pára de ser tão ciumenta, tu sabes que eu sou só tua.- encolhi os ombros.- e precisamos de sair, tu sabes disso.

Fiz uma careta toda estranha enquanto refilava e encolhi os ombros. Sentei-me num banco e apontei para ela se sentar também - Ela deve estar a vir.

Dei-lhe um beijinho na ponta do nariz e sentei-me a seu lado quando fez sinal.
- Eu pensei que íamos ser nós a ir ter com ela.- confessei, cruzando as pernas enquanto via um grupo a passar.

Encolhi os ombros - Acho que é demasiado cedo para conheceres a maravilha que são os meus pais. - voltei a encolher os ombros - Primeiro conheces a Annie e depois vamos conhecer os monstros. - dei-lhe um beijinho na bochecha - Não penses coisas está bem?

Fiquei a olhar para ela enquanto falava e fiz uma pequena careta.
- Sim, está bem.- encolhi ligeiramente os ombros.- fazemos como preferires.- sorri ligeiramente.

Virei-me para ela e olhei-a - A sério, Jenni. Eu não sou a outra. Eu não tenho vergonha. - sorri-lhe - Vou apresentar-te a pessoa mais importante da minha vida. Os meus pais são demasiado odiosos para que os conheças já. Prefiro que te fiques pela Annie durante algum tempo.

Olhei-a quando se virou para mim e fiquei a olhá-la durante todo o tempo em que falou, mordiscando o meu lábio de forma nervosa.
- Eu sei.- acabei por dizer ao fim de algum tempo. Eu sabia que ela não era a Chloe, eu confiava nela.- não te preocupes.- estiquei-me para a beijar.- só espero que a tua irmã goste de mim.

Cheguei-me mais para ela depois de nos beijar-mos e sorri - Ela vai gostar de ti, tenho a certeza. - disse-lhe.
Ai meu deus. Eu não via a Annie desde que os meus pais nos tinham obrigado a ficar separadas, logo, desde que tinha vindo para o campo de férias. Levantei-me num salto quando a vi e abracei-a com força. Nós não precisávamos de falar muito uma com a outra para sabermos como estávamos. Era uma coisa de gémeas.
Agarrei na mão dela e puxei-a - Annie, quero que conheças a Jennifer. - sorri mais - É a minha namorada.