Quarto da Sam Golightly

- Não, tu és bonito, só tu é que és bonito.- ai ai, eu já devia estar mesmo a dormir. Lembro-me de abrir os olhos de repente, de lhe mostrar um sorriso enorme e depois voltei a deitar a cabeça na almofada, encostando as nossas mãos à minha cara e adormeci

Não consegui evitar um sorriso quando ela disse que só eu é que era bonito e perguntei aos paramédicos se me podia deitar com ela, eles colocaram uma maca encostada e eu agradeci. acho que eles tinham percebido que eu estava cansado. Fechei os olhos deixanddo a minha mão na sua cara e adormeci.

Abri os olhos devagarinho e a primeira coisa de que me apercebi foi de que praticamente já não sentia dores. Sorri muito ao de leve e olhei para o lado, vendo Jack deitado numa maca. O meu coração disparou.
-O que é que ele tem? O que é que aconteceu? - perguntei a um dos paramédicos.
- Nada, está tudo bem, o seu namorado pediu-nos apenas se se podia deitar consigo.

Acordei com uma impressão enorme na garganta e fiz uma careta quando abri os olhos sentando-me de repente.
-Acho que vou vomitar - quando disse isto vi uma tigela de metal ser dirigida para mim e vomitei passando depois a mão pela testa.
-Está tudo bem? - perguntou um médico, eu ri-me baixinho.
-Não gosto de alturas.

Arregalei os olhos quando ouvi a voz de Jack e assim que dirigi o meu olhar para ele, já ele vomitava.
- Oh meu deus.- tapei a cara com as mão, fechando os olhos e só quando parei de o ouvir é que os voltei a abrir.- estás bem? Tens a certeza?
- A sua namorada estava muito preocupada consigo.- o paramédico meteu-se. Ergui uma sobracelha e abanei a cabeça.
- Nós não...somos isso.

Olhei para Sam quando o paramédico disse que ela estava preocupada e nem sequer liguei ao facto de estar de ele dizer que nós namoravamos.
-Eu estou bem, a sério - deitei-me fazendo uma careta quando nos puseram cintos e a eles também.
-Estamos a chegar.

Assenti e soltei um pequeno suspiro. Arregali os olhos quando me voeram por um cinto, mas rapidamente percebi quando senti o helicópetero aterrar. Estremeci quando voltei a sentir e depois de aterrados, levaram-me para dentro.

Levaram-na de novo para uma sala, para a examinar e quando terminaram fui ter com ela sentando-me no sofá e olhando-a. - Como te sentes? - perguntei esticando-me. Maldita cama, maldita maca, doía-me tudo.

Revirei os olhos quando me quiseram examinar de novo, mas não havia nada que pudesse ser, sem ser isso, resmungar. Quando cheguei ao meu novo quarto, aconcheguei-me nas mantas e sorri ao perceber que esta cama era muito mais confortável.
- Sinto-me mal, quero-te aqui.- resmunguei.- esta camam é maior e mais confortável, vais ficares com ainda mais dores se dormires aí.

Levantei-me fazendo o que ela me pediu e deitei-me ao lado dela fechando os olhos.
-Eu tenho que arranjar os comprimidos - disse baixo - ontem, quando estavas em coma comecei a rir do nada - ainda de olhos fechados mostrei-lhe uma foto dela.

Sorri quando se veio deitar ao pé de mim e cheguei-me para junto dele.
- Para isso precisas de tentar confiar no médico.- mordi o lábio e olhei a minha foto no seu telemóvel.- credo, gostas tanto de mim que até em coma me queres recordar.- brinquei, encolhendo os ombros.- confia no médico, eu entreguei-lhe a minha vida e sobrevivi, experimenta.

-E se... me procurarem? Eu não quero que me encontrem - disse, mas desisiti, eu tinha que conseguir de alguma forma. - Está bem, mais tarde - murmurei - Tens muitas dores? - perguntei chegando-me com cuidado para mais perto dela.

Agarrei a sua mão quando começou a ficar mais nervoso e abanei a cabeça.
- Não te vão encontrar Jackie, eu prometo.- murmurei e engoli em seco.- se for preciso, arranjas uma identidade falsa.- encolhi os ombros. Era mau de mais, mas eu já estava por tudo.- estou melhor, um bocadinho melhor.

Neguei com a cabeça.
-Não me vou meter em coisas ilegais,mais não - deitei melhor a cabeça na cabeceira e fechei os olhos - ainda bem que estás melhor

Assenti e passei-lhe uma mão no cabelo.
- Está bem, mas então vais ter de confiar nos médicos Jackie e eu não vou deixar que te encontrem, eu prometo.- murmurei e toquei-lhe na cara com cuidado.- como estão as tuas feridas?

Fechei os olhos quando senti a sua mão no meu cabelo e deitei-me melhor, pousando a cabeça na almofada.
-Está bem - disse mesmo sabendo que ela não podia fazer nada, visto que estava praticamente presa a uma cama - Estão bem - fiz uma careta quando tocou nelas.

Dei-lhe um beijinho no nariz e depois desci até aos seus lábios, beijando-o com cuidado.
- Trouxe o teu bilhete por engano.- lembrei-me sabe-se lá porquê de dizer.- e desculpa pelo bilhete...- suspirei.

Abri os olhos quando parou de me dar beijinhos e voltei a fecha-los.
-Depois falamos sobre isso, podes ficar boa primeiro e depois eu dou-te na cabeça - sorri levemente.

Soltei um pequeno suspiro e assenti,
- Está bem, eu mereço.- murmurei e dei-lhe mais um beijinho, colando o meu corpo ao seu.- gosto muito de ti.- escondi a minha cara no seu pescoço.

-Pois mereces - disse tentando não demonstrar que tinha ficado um pouco magoado. Quando ela se encostou muito a mim abri os olhos - tem cuidado, não te magoes - pedi fechando-os novamente.- eu também.

- Eu sei..- disse muito baixinho e dei-lhe um beijinho no pescoço. Puxei as mantas para cima e aconcheguei-me neles, fechando os olhos.- eu estou bem, praticamente pronta para outra.- estremeci e acabei por adormecer.

Suspirei quando me deu um beijinho no pescoço e fiquei a mexer-lhe no cabelo por alguns minutos.
-Tu... - preparei-me para lhe ralhar pelo que ela estava a dizer mas ela adormeceu por isso beijei-lhe a testa e adormeci também.

Acordei a tremer, eu estava cheia de frio. Passei as mãos pela cara e reparei que estava a suar. Suspirei e puxei as mantas ainda mais para cima, até ficar com a boca tapada. Tentei mexer-me para me aconchegar melhor, mas assim que o fiz, os meu corpo protestou e eu gemi com a dor.

Abri os olhos quando senti alguma agitação e saí de cima da cama olhando para os enfermeiros que a tinham rodeado.
-O que se passa? - perguntei.
-Estamos a examina-la, ela tem febre, pode ter alguma infecção - suspirei passando as mãos pelos olhos e fiquei a olha-los.

Abri os olhos novamente e arregalei-os ao ver que estava rodeada de médicos e enfermeiros, ou enfermeiros e médicos, não conseguia distinguir.
- Hum...o que é que se passa? - passei a língua pelos lábios, humedecendo-os.
- Está com febre, mas felizmente não passa mesmo disso, não tem nenhuma infecção.- o médico disse tão de repente que eu apenas assenti sem perceber nada.
- Já posso ir embora? Estou farta de estar aqui.- resmunguei e estremeci ao sentir uma coisa gelada na minha testa.- ai m****, isso está frio.- afastei o que quer que fosse da minha pele.

Suspirei de alívio quando disse que não passava de febre e revirei os olhos quando a vi tirar o pano de cima da testa dela.
-Não sejas resmungona Sam, deixa estar isso aí. - injectaram-lhe qualquer coisa que depois percebi que era para baixar a febre e ainda disseram que daqui a pouco ela devia estar melhor. Suspirei passando a mão pela cara.

Revirei os olhos a Jack e voltei a afastar o pano quando a enfermeira o tentou meter de novo.
- Afaste essa porcaria, já disse que não quero.- resmunguei.- e não pense que é por ser boazona que vou deixar que me meta isso seja onde for.- mostrei-lhe o dedo do meio e quando senti injectarem-me alguma porcaria, praguejei baixinho.- é bom que essa coisa não me dê sono.

-Sam - resmunguei bem alto para ela me ouvir e afastei todos. - Pára com isso, mete esta m**** e acabou - respirei fundo tentando meter na cabeça que isto fui mesmo eu que disse, que não foi outro dos outros eus e coloquei-lhe melhor o pano.

Estremeci e desta vez não foi com frio. Era o Jack, era ele que estava a gritar comigo? Arregalei os olhos e olhei na sua direcção, que era mesmo ele.
- Jackie...? - perguntei baixinho enquanto ele só gritava e gritava. Agarrei os cobertores e encolhi-me, deixando que me pusesse o pano na testa. Ele estava a gritar, tal como o meu pai, eles só gritavam.

-Desculpa Sammy - murmurei baixinho apertando-lhe a mão como sempre fazia. - Desculpa, não fui eu - disse tentando que ela percebesse. Eu não podia continuar assim, se eu ficasse mais violento eu perdia-a, eu não queria perde-la.