Quarto da Sam Golightly

- Jack! - gemi o seu nome quando o senti atingir o seu auge e deixei o meu corpo descair na cama, ainda aos tremeliques. Oh meu deus, era tão bom. Abracei o seu corpo mal caiu sobre mim e passei as mãos pelas suas costas, encostando a minha cabeça à sua com a respiração toda desregulada.- estás bem? - perguntei baixinho, ao fim de algum tempo.

Fechei os olhos quando consegui respirar normalmente e beijei-lhe o pescoço, assentindo quando perguntou se estava bem - estou - mrumurei de olhos fechados, passando as mãos pelas suas pernas que ainda estavam à minha volta e passado pouco tempo, como era costume, adormeci.

Fiquei a fazer-lhe festinhas nas costas, depois de me conseguir acalmar devidamente e estremeci com o seu beijo, por ainda estar sensível. Puxei as mantas para cima de nós, deixando que se aconchegasse em cima de mim e mal a sua respiração abrandou, percebi que tinha adormecido. Só esperava que ele tivesse gostado tanto quanto eu. Deixei-me ficar aconchegadinha nele, a fazer-lhe festinhas e não tardou até adormecer também.

Abri os olhos, ainda meio grogue e suspirei, era hoje. Era hoje que tinhamos que começar a arrumar as nossas coisas e amanhã iamos ter que sair do Camp. Passei as mãos pelo cabelo, saindo de dentro dela, devagar para não a acordar e levantei-me. Vesti uns boxers lavados com um suspiro e encostei-me à janela enquanto olhava para a rua.

Soltei um suspiro baixinho quando senti que o sono se ia evaporar e passei as mãos pelos meus olhos, começando a abri-los devagarinho. Sentia falta do quentinho de Jack. Quando a minha visão se focou, olhei em volta e em vez de o ver ao meu lado, vi-o encostado à janela. Fiz uma careta, levantando-me e vesti apenas a sua camisola, aproximando-me dele e abraçando-o por trás, encostando a minha cabeça nas suas costas.
- O que se passa? - perguntei baixinho.

Ouvi os seus passos e só me virei para ela quando se abraçou o mim. Passei as pontas dos dedos pela sua bochecha e mordi o lábio - temos que arrumar as nossas coisas hoje - disse mais baixinho olhando os seus olhos - e... pensar para onde vamos. - engoli em seco, não gostava de falar disto, tinha medo que viesse outra discussão.

Dei espaço para que se virasse para mim e voltei a abraçar-me a ele, encostando mais a minha cara às suas mãos. Era verdade, com isto tudo até me tinha esquecido de que tínhamos de ir embora. Suspirei, mordendo a parte de dentro da bochecha e olhei os seus olhos.
- Não temos sítio para ir Jack, não é muito difícil de escolher.- disse baixinho.

Encolhi os ombros com o que ela disse - podemos sempre escolher um sítio abrigado da chuva e do vento, é que... - ela sabia que eu era sensível a doenças, apesar de tudo isto eu tinha que ter cuidado comigo ou ainda morria de pneumonia. - temos que pensar, não somos nenhuns vagabundos.

Subi o olhar para ele, suspirando quando deixou a frase a meio e assenti, percebendo onde ele queria chegar. Se ele piorasse por minha causa, se ele ficasse pior por não termos casa, eu nunca me ia perdoar. Afastei-me, indo sentar-me na pontinha da cama e suspirei enquanto pensava.
- Podemos tentar arranjar um armazém que esteja abandonado, a estação de metro.- fui dizendo.- não sei, temos de procurar.

-A estação de metro não - abanei a cabeça, havia demasiada gente na estação de metro, eu não queria ser um daqueles que estava num canto a pedir dinheiro, até podia cantar, mas não conseguia. Nunca tinha cantado para ninguém. Passei os dedos pela bochecha de Sam e fui dar-lhe um beijinho - vamos procurar uns armazéns.

Assenti quando excluiu a estação de metro e agradeci mentalmente, também dispensava ir para lá. Passava sempre muita gente. Pousei os meus pés na cama, abraçando-me aos meus joelhos e pousei o queixo nos mesmos, levantando-o apenas depois para corresponder ao seu beijinho.
- Se tu ficares doente por causa disto Jack...- abanei a cabeça não terminando.- eu podia arranjar-nos casa.- disse, mas olhei-o logo.- mas eu já sei que tu não queres, e eu não vou insistir, não quero discutir mais contigo.

Abanei a cabeça quando começou com as coisas dela e suspirei aliviado por não insistir. - Eu vou ficar bem - prometi-lhe beijando-lhe a testa. Abracei-a fazendo-a deitar-se na cama e encostei a cabeça à dela. - Fazes as minhas malas que eu faço as tuas? - perguntei com um suspiro, não queria ir para o meu quarto e a maior parte da minha roupa estava lá.

Fechei os olhos com um suspiro e agarrei-me a ele, deitando-me na cama tal como ele me tinha feito fazer. Dei-lhe um beijinho no queixo, enquanto lhe fazia festinhas nas costas e subi o olhar para ele, assentindo logo ao seu pedido. Nem eu o iria obrigar a ter de entrar naquele quarto, preferia ter de ser eu a fazer isso.
- Sim, não te preocupes, eu faço as tuas malas amor.- toquei-lhe no queixo, no mesmo sítio onde tinha dado o beijinho, e estiquei-me até conseguir chegar aos seus lábios.

Assenti com um meio sorriso beijando-lhe os lábios - obrigado - murmurei baixinho e obriguei-me a sentar na cama com um suspiro - vamos começar agora, - não estava ansioso, mas queria despachar isto para ter uma noite calma ao lado dela e numa cama, numa coisa confortável e quentinha.

Sorri contra os seus lábios e acariciei a sua bochecha com as pontinhas dos dedos, roçando o meu nariz no seu. Não estava com vontade nenhuma de ir embora dali. Ia ter saudades do quentinho e conforto da minha cama. Suspirei, ganhando coragem para me levantar e quando o fiz, passei as mãos pelo meu cabelo.
- Eu vou tentar ser rápida.- murmurei e debrucei-me para lhe beijar a testa.- já volto.

Sim, ainda me passava pela cabeça voltar para casa, mas com ela claro, não a ia deixar sozinha. Expulsava Kelly pelos cabelos e mandava-a para fora, se o meu pais soubesse o que ela fazia... Ele era um homem bom, ele não suportava aquele tipo de coisas, não sabia sequer como a aturava. - até já - murmurei enquanto arrumava as suas coisas. Mas não podia fazer nada daquilo.

Caminhei a passo apressado até ao seu quarto e mal lá entrei, comecei logo a tratar das suas coisas. Não gostava de estar ali, sempre que lá estava as lembranças do que tinha acontecido assombravam-me. As mãos dela pelo corpo dele, os gemidos, o seu corpo nojento...abanei a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos e peguei em toda a sua roupa, pousando-a em cima da cama. Retirei a sua mala do armário e pousei-a também em cima da cama, começando depois a dobrar a roupa e a colocá-la dentro da sua mala. Guardei também todas as suas coisas da casa de banho e quando tinha tudo pronto, agarrei nas malas, saindo para voltar para o meu quarto.

Abri a mala colocando todas as roupas e coisas que ela tinha lá dentro e tive que me sentar para conseguir que coubesse tudo. Sorri satisfeito por ter conseguido e passei as mãos pelo cabelo indo de novo até à janela, encostando-me à mesma enquanto esperava por ela. Não sabia o que é que ia sair daqui, mas não ia ser nada bonito. Mesmo nada.

Arrastei as malas pelo chão enquanto ia para o meu quarto, por estarem tão pesadas, e quando lá cheguei, respirei fundo, aliviada. Abri a porta, entrando com as malas todas e pousei-as a um canto, indo depois ter com ele ao pé da janela. Dei-lhe um beijinho no braço, indo agarrar-me a ele e olhei para a paisagem pela janela.
- Já acabaste Jackie?

Só despertei quando senti Sam abraçar-me. Suspirei levemente encostando a cabeça à dela e assenti com a mesma - sim - murmurei agarrando no seu corpo e colocando-a na cama, onde me deitei com ela - não quero ir - murmurei olhando para a janela.

Deixei que me levasse para a cama, onde esperei que viesse para o meu lado e assim que veio, voltei a chegar-me para ele. Puxei as mantas, para ficarmos quentinhos, e abracei-o, suspirando com o que disse. Eu também não queria, mesmo nada. Acho que nunca tinha tido tanta vontade de cá ficar.
- Eu sei amor, eu também não quero.- disse baixinho.- mas pensa que ao menos vamos estar os dois, juntos.- apertei-o mais contra mim.

Assenti com a cabeça quando ela falou e passei as pontas dos dedos pelas suas costas - vai correr tudo bem não vai? - perguntei subindo o olhar para os seus olhos. Já não passava tempo nenhum na rua desde há algum tempo, não era uma coisa que se habituasse mas, não tinha o ritmo.Suspirei encostando a cabeça aos eu pescoço e abracei-a com força.

Baixei o olhar para ele assim que ouvi a sua voz e senti-me derreter com o seu olhar. Eu queria cuidar dele, eu queria e ia tomar conta dele. Era o meu bebé. Assenti, beijando-lhe a testa e puxei-o mais para ele.
- Claro que vai amor.- murmurei baixinho.- estás comigo, o que é que pode correr mal? - tentei sorrir divertida e abracei-o, fazendo-lhe festinhas no cabelo.- vai correr tudo bem Jackie.- repeti.

Sorri levemente com o que ela disse e encolhi os ombros fazendo um ar despreocupado - nada - voltei a sorrir e beijei-lhe a bochecha, fechando os olhos e abraçando-me à sua cintura - Sammy - chamei de novo mordendo o lábio - eu podia tirar proveito da minha bipolaridade para cantar e ganhar dinheiro. - fiz uma careta, aquela era a ideia mais estúpida do mundo, mas eu já desesperava.

Semicerrei os olhos com um sorrisinho maroto e quando senti o seu beijinho na minha bochecha, virei a cara a tempo de lhe conseguir beijar os lábios.
- Diz amor.- murmurei assim que me chamou e fiquei a olhar para ele, ouvindo a sua ideia. Ao início fiquei ligeiramente surpreendida, mas rapidamente sorri, agradada com a ideia.- isso é óptimo Jackie Chan.- abracei-me a ele.- se quiseres, eu também posso contar contigo.

Arregalei os olhos quando disse que era óptimo e fiz uma careta começando a abanar a cabeça.
-Não é nada - disse- era uma ideia estúpida, ninguém me garante que vá ter disposição para isso e eu - abanei a cabeça durante alguns segundos - eu não consigo.

Levantei uma sobrancelha enquanto ouvia as coisas que ele dizia e abanei a cabeça, passando uma mão pelo seu cabelo.
- Porque é que não consegues? - murmurei.- eu nunca te ouvi a cantar, mas aposto que cantas bem, e eu posso ajudar-te.- sorri levemente.- não precisas de ter vergonha amor.

Encolhi ligeiramente os ombros quando perguntou porquê e abanei a cabeça - eu não gosto - disse sentindo-me a escaldar só de me imaginar a cantar - quer dizer, eu gosto de cantar, mas não gosto de cantar para as pessoas, tenho vergonhada - admiti num tom baixo.

Fiquei a olhá-lo enquanto me explicava o porquê e sorri levemente, passando as pontinhas dos dedos pelas suas bochechas. Eu nunca tinha tido vergonha de cantar, aliás, acho que na verdade nunca tinha tido vergonha de fazer fosse o que fosse.
- Eu não te vou obrigar a cantar, como é óbvio.- olhei para ele.- mas podias perder a vergonha, dizem que se consegue perdê-la com a prática.- dei-lhe um beijinho no nariz.- por exemplo, podias experimentar cantar para mim.- sorri-lhe.

Mordi o lábio com o que ela disse e comecei a abanar a cabeça.
-Não - murmurei - agora não - toquei-lhe nos cabelos e engoli em seco - não consigo agora, quero ficar calado e encostado a ti - suspirei agarrando-me ao seu corpo.