Jardim

Fui aos saltinhos até ao telemóvel quando o polícia cedeu e me soltou para que lhe pudesse telefonar a assim o fiz, esperando que atendesse.
- Fogo, sou eu, atende ! - comecei a resmungar e assim que ouvi a sua voz, arregalei os olhos, tapando a boca.- geladinhoooo! - guinchei.

Ouvi risos e não só e fiz uma careta.
-Sam? - fiz uma careta. - Tu estás bem? - perguntei percebendo que a sua voz não estava de todo normal.

- Nãããão.- abanei a cabeça muitas vezes, como se ele me pudesse ver.- eu estou na prisãozinha, o polícia maroto trouxe-me para aqui.- choraminguei sem lágrimas.- vens buscar-me não vens? - falei com voz de bebé.- eles são maus e eu tenho frio.- queixei-me, começando a rir-me depois.

Demorei um pouco a perceber mas percebi que o estado dela era de alguém completamente bêbado.
-Eu... eu vou Sam - suspirei levantando-me. - fica quietinha, não faças porcaria.

Arregalei os olhos e comecei a bater palminhas.
- Yaaaaaay! - dei um gritinho.- vens? Vens mesmo? - perguntei várias vezes, assentindo depois.- está bem, eu vou ficar muiiiito quietinha.- disse, paralisando o meu corpo por completo e ficando tipo estátua ao pé do telefone.

A sorte é que não estava muito longe. Abanei a cabeça passando a mão pela cara tentando tirar tudo o que tinha na cabeça, quando entrei na esquadra fui até à recepção dizendo quem vinha buscar.

Mesmo depois de desligar a chamada fiquei quieta ao pé do telefone.
- Vá, vamos voltar para a cela.- o polícia agarrou-me no braço e tentou tirar-me dali.
- Não pode ser.- disse falando com a boca entreaberta.- o Jackie disse para eu ficar quietinha.- encolhi os ombros e continuei ali parada até ouvir a porta abrir. Olhei a mesma e sorri o mais que consegui, até me doer as bochechas.- vê? Ele chegou! - bati palminhas ao ver Jack.- ai, quietinha Sam, quietinha.- voltei a petrificar.

Não foi preciso perguntar para ela, ouvi uns guinchos e um bater de palmas e olhei para o lado. Abanei a cabeça indo até ela e ao polícia.
-Posso leva-la? - perguntei agarrando-lhe na mão e dando-lhe um olhar para que ela percebesse que estava lixada comigo, não sei se ela ia perceber assim, mas tudo bem.

Fui abrindo a boca à medida que ele se aproximava e quando agarrou na minha mão eu simplesmente comecei aos saltos.
- Viu??? Viu bem??? - falei para o polícia.- ele deu-me a mão, ele quer casar comigo! - guinchei, completamente histérica. Arregalei os olhos com o olhar que me lançou, mas encostei-me toda a ele, fazendo um gesto com a mão.- rawr.
- Tem a certeza que quer levar isto para casa? - o polícia arregalou os olhos.

Levantei uma sobrancelha sorrindo e abanei a cabeça, ela era incorrigivel.
-Tenho, se eu não levar, quem leva? - Agarrei-a tipo saco de batatas. - obrigado. - virei costas começando a andar até ao camp.

Bati muitas palminhas quando percebi que me ia embora e comecei a acenar ao polícia, até ficar de cabeça para baixo. Olhei para a frente e já só vi o rabo de Jackie.
- Uh lálá.- passei a língua pelos lábios e puxei-lhe as calças para baixo.- eu alguma vez te disse que o teu rabo é a melhor coisa de sempre? É que até de cabeça para baixo.- arregalei os olhos e mordi-lho.

-Sam! - arregalei os olhos puxando as calças para cima e mudando-a de posição, colocando-a ao colo como se fosse uma princesa - comporta-te, o que é que tu andaste a beber? - perguntei olhando para ela e tentando ter uma conversa decente.

Sorri muito inocentemente e comecei a rir-me que nem uma tolinha. Mordi o lábio quando a vi a forma como ele me pegara ao colo e depois olhei os seus olhos.
- Se queres saber eu nem sei.- abri um olho mais que o outro e fiz uma careta.- era uma coisa preta acho eu, parecia gasolina.- ri-me.- brum bruuuuum.- comecei a mexer as mãos como se tivesse a agarrar num volante.

-Vodka preta? - fiz uma careta abanando a cabeça, onde é que eu me fui meter. Felizmente estavamos quase a chegar ao camp, porque ela estava pesada e quando chegámos à zona dos dormitórios abri a porta do meu e mandando-a para a minha cama.

Arregalei os olhos quando ele começou a correr de repente e agarrei bem a sua mão, correndo a seu lado enquanto o tentava acompanhar.
- Tem calma amor.- arregalei os olhos e quando parámos ao pé do carrinho dos gelados, respirei fundo.- quero um gelado de Jackie se faz favor.- sorri muito.

Ri-me quando me mandou ter calma e olhei para o hoemzinho abrindo a boca para falar, mas ele ficou tão chocado com o que Sam disse que ficou de olhos arregalados.
-Dois de morango se faz favor - sorri.

Levantei uma sobrancelha com a cara chocada do homem e fiz uma careta, credo. Encostei-me muito a Jackie e sorri quando falou.
- É a isso que sabes? - mordi o lábio.

Ri-me baixinho agarrando nos dois gelados e dei-lhe um assentindo com a cabeça, ao mesmo tempo que lhe agarrava na mão e a levava para outro sítio.
-Não sentes que sim?

Agarrei no meu gelado, dando-lhe logo uma lambidela e olhei para Jack, rindo-me baixinho e assentindo.
- Porque é que achas que eu sou tão viciada em ti? - mexi as sobrancelhas para cima e para baixo.

Sorri com o que ela disse e mordi o lábio agarrando na sua mão para que nos fossemos sentar num banco de jardim. Passei as mãos pelos olhos por uns momentos e encostei-me a ela enquanto comia o meu gelado. Quando olhei por cima do seu ombro engoli em seco.
-Olha para mim Sammy - disse baixinho.

Encostei-me a ele enquanto comia o meu gelado toda entretida e ri-me quando este me começou a escorrer pelo queixo. Limpei-o ao guardanapo que envolvia o cone e olhei para Jack, juntando as sobrancelhas com o seu ar.
- O que é que se passa? - perguntei já a ficar preocupada.

Eu tinha quase a certeza, não tinha memória fotográfica como o Kev, mas... era ele, lembrava-me bem, tinha-o encostado à parede e batido-lhe com toda a força que tinha.
-Não te mexas, não faças nada - pedi baixinho - o teu pai está a comprar um gelado neste preciso momento.

O meu coração disparou. Não podia, não podia ser ele. Tive de agarrar-me a Jack porque mesmo sentada o meu corpo parecia ameaçar cair a qualquer momento. Eu só me lembrava da dor de cada chapada sua, dos seus berros. Não, não podia estar a acontecer de novo.
- É mentira não é? - o meu queixo tremeu.- ele não está pois não?

Levei a mão à sua bochecha e quando vi o seu queixo tremer e assenti com a cabeça.
-Não te mexas, ele não nos vai ver - disse baixinho beijando-lhe os lábios - eu não vou deixar que ele te faça mal outra vez, prometo.

As lágrimas começaram a escorrer pela minha cara e fechei os olhos com força, reprimindo a vontade de olhar para trás. Não ia olhar para ele, não ia. Assenti com a cabeça ao que Jack disse, soluçando contra os seus lábios e encolhi-me ligeiramente.
- Quero ir embora.- funguei.- não quero que ele me veja Jack.

-Não podemos dar bandeira, ele não nos vai ver - repeti e mordi o lábio com força. Eu esperava que ele não nos visse, mas não podia ter certezas. Fechei os olhos respirando fundo limpei-lhe as lágrimas. - Sorri, se ele nos vir não vais dar parte fraca Sam. Estás bem comigo, ele tem que ver isso.

Eu tinha o coração a mil, era como se me pudesse saltar do peito a qualquer momento. Começava a não me sentir nada bem. Ele tinha sido preso, porque é que ele estava ali? Cheguei-me mais para Jack e abracei-me a ele, tentando parar de tremer.
- Eu tenho medo..- disse com a voz por um fio. Eu nunca tinha admitido, mas a verdade é que tinha, muito mesmo.

Passei as minhas mãos pelas suas costas e engoli em seco beijando o seu ombro até ficar com a cabeça no seu pescoço.
-Sammy - chamei baixinho e afastei-me para que me olhasse - ele não te vai fazer mais nada. Não vai tocar-te nem com mais um dedo que seja. Confias em mim não confias?

Levantei a cabeça para o olhar quando me chamou e olhei-o por cima do turvo das minhas lágrimas. Eu confiava nele, só não cofiava no meu pai e sabia que se fosse preciso, ele era capaz de magoar Jack e isso, era tudo o que eu menos queria.
- Eu se..
- Samantha? - estaquei ao ouvir a sua voz.

Estava a olha-la quando senti alguma coisa a tapar-me o sol, quando levantei o olhar mordi a parte de dentro do lábio enquanto olhava o velho. Ele metia-me tanto nojo só de me lembrar o que lhe tinha feito. Olhei para Sam e limpei-lhe discretamente as bochechas para que ele não reparasse que estava a chorar.
-Não há nenhuma Samantha que o conheça aqui. - falei eu.