Telemóvel da Ruby Moore

Agarrei no telemóvel assim que o ouvi e coloquei-o logo ao ouvido.
-Ruby? - perguntei porque não aparecia o nome dela no visor e eu continuava sem saber se era mesmo ela.

Senti uma vontade enorme de chorar quando ouvi a voz dele a dizer o meu nome. Olhei para o lado de fora e mordi o lábio inferior para me tentar acalmar - Sim. - murmurei - Desculpa só ligar agora mas queria chegar a casa para podermos falar à vontade..

Deitei-me de novo no sofá e fiquei calado durante uns segundos, estava a assentir a cabeça, só me apercebi mais tarde que não não via. - Não faz mal, não te preocupes - podias era ter chegado mais rápido a casa, acrescentei mentalmente deitando-me no sofá. - Correu bem a viagem? - levantei o olhar quando vi a minha mãe a entrar na sala.
-Não te deites Kevin, não estás no quarto - disse com uma cara enojada.
-Estou ao telemóvel. - estiquei-me no sofá.

- Sim. - não, pensei para mim própria. Claro que não correu bem, estava a viajar quilometros para longe dele - Só tenho saudades tuas já... - mordi o lábio e baixei o olhar para o chão. Fiz uma pequena careta quando ouvi uma voz do outro lado - Estás onde?

Fechei os olhos quando disse que estava com saudades minhas e quando olhei em volta a minha mãe já tinha desaparecido, já devia ter ido amuada para outro lado.
-Eu também já tenho saudades tuas - disse baixinho apagando a televisão - estou em casa... era a minha mãe. - murmurei.

- Eu sei.. - murmurei muito baixinho enquanto me agarrava às minhas pernas com um braço e deixava o telemóvel na outra mão. Encostei o queixo aos joelhos e suspirei - Porque é que foste para tua casa? - mordi o lábio inferior.

Encolhi os ombros, mas mais uma vez ela não via. Suspirei fechando os olhos e virei-me de barriga para cima na cama.
-O camp está a fechar, mais tarde ou mais cedo tinha que vir para casa - murmurei - não consigo estar sozinho na da praia - disse no mesmo tom - faz-me ter saudades de cantar para ti

- E o Jackson? - perguntei enquanto encostava a cabeça à parede - Tens de ir falar com ele. - disse. Sabia que ele era a principal razão para o Kev ter ficado lá por isso só esperava que agora eles não se desentendessem. Sorri com o que ele disse, de ter saudades de cantar para mim e fechei os olhos - Eu também tenho saudades de tudo isso.

-Eu vou falar com ele, mas agora não dá - encolhi os ombros passando as mãos pelos olhos com um suspiro - eu posso cantar para ti à mesma - disse baixinho esperando que ela me ouvisse - antes de ires dormir. - comecei a subir para o meu quarto.

- Mas fala com ele. - disse num tom que me fez lembrar a minha mãe. Sorri com o que ele disse e assenti com a cabeça, esquecendo-me que ele não conseguia ver. Levantei-me do parapeito e atirei as malas que estava em cima da cama para o chão, segurando o telemóvel entre o ombro e a orelha. Enfiei-me dentro da cama toda encolhida e ao telefone - Vais cantar para mim?

-Eu falo princesa - disse abrindo a porta do quarto e fechando a mesma logo a seguir a mim. Detestava estar naquela casa sem o meu irmão, mas ia aguentar. Precisava de aprender a lidar com isso. - Se tu quiseres sim - sorri colocando em altifalante e tirando a camisola e as calças para me despir, voltei a colocar ao ouvido e deitei-me - Queres aquela música? - perguntei

Puxei as mantas para cima da minha cabeça e mordi o lábio inferior - Eu ouvi-te a despir. Sabes as saudades que eu tenho de te despir e encher-te de beijos? - perguntei baixinho com um suspiro. Encolhi-me mais quando me recordei da nossa música e assenti - Quero.

Sorri quando disse que me tinha ouvido a despir e fechei os olhos com um suspiro.
-E eu também tenho - disse já na cama, todo quentinho, mas não tanto como se estivesse com ela - diz-me só uma coisa princesa - pedi baixinho - vais já dormir? - perguntei com um sorriso preparando-me para começar a cantar.

Sorri tristemente enquanto me encolhia mais na cama, agarrada às minhas pernas com o braço livre. Não queria já dormir mas estava cansada e.. se estivesse ali com ele, não ia já dormir de certeza mas assim.. tinha a certeza que não ia demorar muito - Sim, estou quase. - murmurei baixinho.

Assenti devagarinho apesar de ela não ver, mas eu sabia que ela percebia. Encostei a cabeça à almofada e fechei os olhos começando a cantar devagarinho e debaixo das mantas só para ela. Detestava que os meus pais me ouvissem, o meu pai gozava-me a torto e a direito e a minha mãe só ficava a olhar como se eu fosse um atrasado mental.

Fechei os olhos com um sorriso enorme nos lábios enquanto o ouvia a cantar só para mim. Senti as lágrimas a cair de novo pelas bochechas e limpei-as apressadamente. Agarrei-me mais à minha almofada e suspirei por aquela não cheirar a ele. Já nem o cheiro dele tinha.

Abri os olhos mordendo o lábio e virei-me de barriga para cima olhando para o tecto.
-Tens a camisola que eu te emprestei? - perguntei baixinho - não a estragues, ainda a quero de volta - disse na brincadeira fechando os olhos.

Afastei as mantas de cima de mim quando ele falou - Espera um bocadinho. - pedi pousando o telemóvel na cama. Gatinhei pelo chão de madeira do meu quarto e abri a mala onde estava a camisola dele. Encostei-a ao nariz e sorri contra a mesma. Voltei a enfiar-me na cama com ela na minha cara e agarrei-me ao telemóvel - Vais tê-la de volta mas só para lhe meteres mais cheiro teu.

Ri-me com o que ela disse e fechei os olhos.
-Quando cheirar a ti chama-me - disse baixinho sentindo os meus olhos pesar, as emoções todas que hoje tinha sentido tinham-me esgotado.

Ri-me com o que ele disse e deixei-me estar encostada à camisola. Era estúpido mas parecia que ele estava ali. Fechei os olhos durante um bocadinho e suspirei quando os voltei a abrir - Amo-te Kev. - disse com um pequeno sorriso. Voltei a rir quando o cookie entrou para dentro das mantas da cama, ele tinha feito a viagem naquelas caixinhas e assim que tinha chegado tinha ido explorar a casa de novo - E o cookie adora-te. - fiz-lhe festinhas e não queria desligar a chamada mas sabia que tinha de ser - Ligas-me amanhã?

Sorri quando a ouvi a rir e mordi o lábio fechando os olhos para tentar ficar com sono enquanto a ouvia, apesar de agora ser impossivel, e isto podia ser estúpido, mas era por não a sentir.
-Eu também te amo - murmurei sorrindo e ri-me ao ouvir Cookie - também o adoro. Dá beijinhos à pirralha - sorri ao lembrar-me de Lilly - claro princesa.

Sorri quando o cookie se aninhou ao pé de mim e continuei com o nariz encostado à camisola do Kev. Assenti com a cabeça apesar de ele não conseguir ver - Eu sei, sardento sexy. - fiz uma festinha na cabeça do cookie - Eu faço isso tudo. - murmurei com um sorriso nos lábios - Tens os meus desenhos. - disse-lhe sem vontade nenhuma de desligar - Não é a mesma coisa que a tua camisola mas..

Sorri mordendo o lábio quando falou nos desenhos e olhei para a minha parede, que estava cheia de desenhos meus, mas mais parto da minha cama estava os dela. - Eu sei, mas mais importante que tudo tenho a minha memória - devia ser a única coisa em que ela era útil.

- Sim, tenho a certeza que não te esqueces de mim. - disse com um sorriso. O cookie começou a lamber-me os pés o que me fez rir - Amo-te, Kev. Muito mesmo. - murmurei com um suspiro - Não me troques por outra, está bem? - pedi ainda mais baixinho.

Sorri quando a ouvi rir-se e apertei-me mais contra as mantas.
-Nem tu - pedi baixinho engolindo em seco - os ingleses são feios, não olhes para eles - brinquei com um meio sorriso apesar de ela não o ver.

Não consegui reprimir o sorriso com o que ele disse e mordi o lábio inferior - Eu não me importo com os ingleses. - agarrei-me mais à camisola dele e suspirei baixinho - Não te esqueças que as ruivas londrinas são mais giras. Uma em especial.

Abanei a cabeça com um sorriso.
-Eu não me esquece que a minha ruiva londrina é a mais gira - corrigi-a olhando para a porta - Dorme bem princesa - murmurei não querendo desligar.

- Tua. - repeti com um sorriso e tive de me controlar para não voltar a chorar - Não te esqueças. - murmurei baixinho enquanto fechava os olhos - Não quero desligar.. - fiz uma cara feia e rocei o nariz na camisola dele, sorrindo quando senti o seu cheiro - Desliga. - pedi rindo-me - Nunca pensei em ser tão idiota a dizer isto.

-Eu nunca esqueço, principalmente de ti - sorri. Mordi o lábio novamente de olhos abertos e abanei a cabeça quando me pediu para desligar sorrindo um bocadinho enquanto a ouvia. - Não consigo - confessei olhando para o tecto - não precisamos de desligar.

- Espero que não. - disse com um pequeno sorriso nos lábios. Ri-me com o que ele disse e assenti com a cabeça, agarrando-me à almofada com uma mão e ao telemóvel com a outra - E ficamos ao telemóvel? - perguntei divertida.