Quarto de Jackson Grant

Olhei Sam quando entrou e virei a cara mal se sentou ao meu lado.
-Eu acho que não temos nada para falar - disse agarrando-me às minhas pernas encostando-me mais à parede.

Passei as mãos pela cara e respirei fundo. Isto ia ser difícil. Cruzei as pernas à chinês e fiquei a brincar com as minhas mãos.
- Não? - murmurei.- então queres ficar assim, é isso?

Fiquei a olhar para a porta e passei os olhos por ela de alto a baixo abanando a cabeça para lhe responder à pergunta que me fazia.
-Não. - cerrei o maxilar.

Suspirei baixinho quando finalmente negou e toquei-lhe no braço com cuidado, tentando que me olhasse assim.
- Não estejas assim comigo..- pedi baixinho.

Baixei o olhar para o meu braço que ela agarrava e subi rapidamente até à sua cara endireitando-me e afastando-me devagarinho.
-Tu vais deixar-me.

Senti as lágrimas virem-me aos olhos quando se afastou ligeiramente e abanei a cabeça, olhando os seus olhos.
- Eu não te vou deixar.- murmurei.- eu arranjo uma solução, eu não quero ir embora.- disse mais baixinho.

Respirei fundo para depois suster a respiração e me acalmar, mas elas vieram. Baixei o olhar e limpei as bochechas antes de olhar para ela.
-Prometes? - perguntei baixinho.

Fiquei a seguir todos os seus movimentos com o olhar e senti tudo desabar quando vi as suas lágrimas. Eu não queria que ele chorasse por minha causa. Senti um aperto no peito e mordi o lábio quando as lágrimas também começaram a deslizar pela minha cara.
- Sim.- murmurei e coloquei-me de joelhos para o conseguir abraçar.- eu prometo.- sussurrei.

Ainda fiquei durante uns segundos estático quando ela me abraçou, mas ela tinha prometido e eu acreditava nela.. Encostei-me ao seu ombro e abracei-lhe a cintura assentindo com a cabeça.
-Não me deixes.

Apertei o seu corpo contra o meu e abanei a cabeça. No que dependesse de mim, eu não o ia deixar por nada. No início das férias, eu pensava em voltar para o México, mas depois ele apareceu, ele era a minha prioridade agora.
- Eu não te vou deixar, eu prometo amor.- funguei.

Abracei-a com mais força e enfiei a cabeça no seu pescoço puxando-a para cima de mim, para que viesse para o meu colo. Só não queria que ela me deixasse também, já tinha sido deixado pela minha mãe e por todos os outros que me tinham querido e depois deitado fora, não queria voltar a sentir tudo outra vez.

Subi para o seu colo e rodeei a sua cintura com as minhas pernas quando me puxou para cima dele. Abracei o seu pescoço e beijei-lhe a cabeça, chegando-me o mais que podia para ele.
- Foste a melhor coisa que me aconteceu.- murmurei.- és a única pessoa que tenho, eu não te vou deixar, eu prometo.- apertei-o contra mim.

Mordi o lábio para não repetir o que tinha acontecido à bocado e levantei a cabeça olhando os seus olhos e depois os seus lábios puxando-a para mim, para os beijar.
-Eu não quero deixar-te.

Levantei a cabeça quando ele também o fez e fiquei a olhá-lo até me agarrar a ele para o beijar também.
- Então não deixes..- murmurei contra os seus lábios.- eu também não quero que me deixes.- sussurrei.

Assenti com a cabeça quando pediu para não a deixar e afastei-me encostando a cabeça à parede e olhava para a sua camisola brincando com o tecido da mesma.
-O que é que aconteceu?

Suspirei baixinho quando se voltou a afastar e passei as mãos pelo seu peito, descendo o olhar para as suas, que brincavam com a minha camisola.
- Tu ficaste alterado por eu ir embora, eu fiquei chateada..- suspirei.- depois discutimos e..tu dizeste que a empregada não era nada de se deitar fora.- mordi a parte de dentro da bochecha com força, continuando a olhar para baixo.

As imagens foram aparecendo na minha cabeça, como sempre acontecia, depois de ela contar e eu assenti com a cabeça assimilando tudo, para depois fazer uma ligeira careta.
-Tu também pensaste isso, estavas a olha-la de alto a baixo - revirei os olhos olhando para as mãos dela que estavam no meu peito.

Dei-lhe tempo para que se lembrasse de tudo e quando isso pareceu acontecer, ele respondeu-me. Suspirei assentindo e fiquei a brincar com a sua camisola.
- Eu sei..- murmurei.- eu tive tantos ciúmes..- mordi a parte de dentro do lábio com força.- desculpa, eu fui parva.- engoli em seco.

-Eu também - disse baixinho puxando-a para baixo para que se abraçasse a mim e fechei os olhos encostando a cabeça ao seu ombro. - O que é que estamos a fazer no meu quarto? - perguntei sabendo que a culpa era minha - vamos sair daqui.

Encostei a cabeça no seu peito quando me puxou e fechei os olhos, sentindo o seu cheirinho em mim. Era das coisas que mais gostava, estar assim com ele.
- Tu vieste para aqui..- disse baixinho e assenti.- vamos.- disse sem me mexer.- não te quero largar.

Fechei os olhos beijando o seu pescoço e levantei a cabeça para a conseeguir olhar. Acabei por sorrir levemente e levantar-me com ela ao meu colo.
-Não precisas de me largar.

Encolhi-me ao sentir os seus lábios no meu pescoço e esbocei um sorriso gigante, mal se levantou comigo ao colo. Agarrei-me ao seu pescoço, como uma criança e depois escondi a cara no mesmo, fechando os olhos.
- Vou ficar assim para sempre.- murmurei muito baixinho.

Estremeci quando enfiou a cara no meu pescoço e eu senti a sua respiração no mesmo. Fechei os olhos por apenas alguns segundos e sorri um bocadinho por ela ter aquele efeito em mim.
-Podes ficar. - disse baixinho.

Dei-lhe um beijinho no pescoço e depois levantei a cabeça para lhe dar um nos lábios. Sorri e voltei a esconder a cara.
- Se estiver a pesar diz.- pedi baixinho.- não quero magoar-te.- ainda para mais depois de ele ter estado doente.

Encostei a cabeça à porta, tapando-me com uma manta que tinha arranjado do guarda roupa e olhei para o espelho que havia quase à minha frente, suspirando baixinho. Não ia desistir disto, sabia que ela ainda ia ficar pior ocmigo, mas eu não conseguia simplesmente esbanjar dinheiro numa coisa que não era suficientemente essencial. E depois... e depois ela não podia ir vender. Não podia.

Mordi o lábio com força quando senti o meu queixo tremer, mas isso não fez de nada, encostei a cabeça aos meus joelhos, tapando as cabeça e funguei baixinho tentando parar de soluçar. Não conseguia estar assim com ela, não queria. Limpei a cara e estendi-me no chão gelado da casa de banho fechando os olhos enquanto respirava fundo. Tinha que me acalmar.

Tinha adormecido, mas agora o frio tinha-se tornado tão grande que acordei a tremer. Levantei-me encostando-me ao espelho e lavei a cara, espreitando para fora, indo buscar uns montes de cobertores e colocando tudo para a casa de banho, tapei-me todo e fechei os olhos com um suspiro. Não ia sair daqui, não conseguia sequer, não tinha mais nenhum sítio para ir.

Mordi o lábio com força de novo e enfiei a cabeça nas mantas engolindo em seco. Queria ir ter com ela ao quarto, se é que estava lá, mas tinha medo que ela estivesse mesmo muito chateada ao ponto de não me conseguir ver, eu tinha sido mau, tinha essa noção. Decidi ficar mesmo ali, amanhã se a encontrasse... eu falava com ela se a encontrasse, se não a encontrasse... Suspirei agarrando-me às mantas e fechei os olhos.

As horas foram passando e da ponte passei para o bar que existia nos arredores da cidade. Era para lá que costumava ir todas as noites, antes de conhecer Jack, antes de ter deixado a minha má vida. Não estava lá ninguém que eu conhecesse, e apesar de estranho, tinha sido uma coisa boa, era da forma que ninguém via as minhas figuras. Acho que parte de mim estava a voltar ao antigamente, ao tempo em que afogava os meus problemas em álcool. Não foram precisos muitos copos, dois ou três e lá estava eu, a dançar em cima do balcão. Ao menos era desta forma que não pensava nos meus problemas, ou pelo menos era disso que eu estava à espera, mas por mais álcool que tivesse no corpo, a minha mente só conseguia pairar em Jack. Eu precisava tanto dele. Saí do bar assim que chegou a hora deste fechar e cambaleei pelas ruas, de volta ao camp. Tinha a noção de precisar de dormir. Arregalei os olhos quando me senti ir contra um cacifo e pousei um dedo sobre os lábios.
- Shhh..- sussurrei.- já estão todos a dormir, não faças barulho.- falei para o objecto e endireitei-me, continuando a arrastar-me pelos corredores. Eu já nem sabia se era por ali, mas limitei-me a continuar a andar. Estagnei assim que cheguei a uma porta que não a do meu quarto e sem que eu controlasse, o meu corpo mexeu-se sozinho. Abri a porta, cambaleando pelo quarto a dentro e quando senti o seu cheiro, o meu choro desencadeou-se de novo.- Jack? - chamei baixinho. Ele não devia estar ali, ele não ia para ali desde o que tinha acontecido com a sua suposta mãe, mas eu continuei a chamar por ele.- Jackie?

Não consegui adormecer mais, fiquei toda a noite de um lado para o outro a olhar para o tecto, para a parede de azulejos. Tentei distrair-me com tudo, tentar não pensar nela e no que ela podia estar a fazer neste momento. Ela não me procurava.. e não precisava claro, mas tinha medo que isso fosse mau sinal.
Estar naquele quarto fazia-me mal, não conseguia pensar direito, à minima coisa lembrava-me do que Kelly fazia comigo, mas neste momento, preferia estar a passar por isso tudo outra vez a estar assim com Sam. Uma das coisas que ela não sabia, é que para não gastar tão facilmente os meus comprimidos, eu andava a toma-los apenas de dois em dois dias, por isso já nem eu sabia se era eu ou se era outra pessoa.
Encolhi-me quando ouvi a porta abrir-se e o meu coração apertou-se assim que ouvi a voz dela. Levantei-me num salto, mas antes de abrir a porta parei. Era estranho aparecer a esta hora e era estranho estar com aquela voz, estava arrastada demais, até mesmo estando a chorar. Abri a porta devagarinho e espreitei - estou aqui - murmurei, acabando mesmo por abri-la.