Quarto de Jackson Grant

Eu sentia-me tão desamparada sem ele, sentia-me tão fraca sem ele. Ele conseguia afastar as minhas coisas más, quando eu estava com ele, eu sabia que conseguia ser uma pessoa melhor, ele realçava o meu lado bom, se é que existia. Passei as mãos pelas bochechas, abanando a cabeça e o meu coração disparou assim que ouvi a sua voz. Desviei o olhar na direcção do som e o meu queixo tremeu ainda mais ao vê-lo ali. Corri até ele e agarrei-me ao seu corpo aos soluços.
- Eu fui à ponte, sabes, onde nos conhecemos.- eu não sabia bem o que estava a dizer, mas não pretendia calar-me.- mas aquilo é tão feio sem ti.- solucei.- e depois eu saí, eu não queria pensar em ti, eu não queria.- abanei a cabeça, levantando o olhar para ele.- mas eu não consegui, eu só queria estar contigo.

Assim que ela se agarrou a mim eu abracei o seu corpo, encostando a minha cabeça ao seu pescoço, de olhos fechados. Estava a abraça-la com tanta força que isto parecia uma ilusão. Engoli em seco, ouvindo tudo o que ela dizia e levantei a cabeça para a conseguir olhar, passando as pontas dos dedos pela sua bochecha molhada - tem calma - murmurei - estiveste a beber? - perguntei puxando-a para que entrasse na casa de banho, fechando a porta e sentando-a ao meu lado.

Encostei mais a minha cara à sua mão e funguei baixinho, tentando parar o meu queixo que tremia, eu sentia-me um bebé chorão. Entrei com ele na casa de banho e encostei-me à parede, agarrando-me aos meus joelhos.
- Talvez.- murmurei baixinho.

Ela não precisava de dizer sim ou não, tinha sido uma pergunta rétorica eu conseguia sentir o cheiro. Suspirei quando praticamente confirmou e sentei-me ao seu lado, abraçando-a, fazendo com que ela se largasse dela próprio - Está tudo bem Sam - murmurei embalando-a como se ela fosse um bebé. - Já estás comigo. - dei-lhe festinhas na cabeça.

Subi para o seu colo assim que me abraçou e agarrei-me ao seu pescoço, fungando baixinho. Eu só queria ficar assim com ele para sempre. Para sempre sempre. Passei as costas das mãos pelos olhos, não me importando se ficava borratada e encolhi os ombros.
- Um rapaz quis dançar comigo.- abanei a cabeça.- mas..ele até não era muito feio.- encolhi os ombros.- mas ele não eras tu.- o meu queixo tremeu.- nenhum deles és tu.- solucei.- eu só te quero a ti.- escondi a cara no seu pescoço.

Cerrei o maxilar assim que ao ouvi falar num rapaz, mas deixei-me estar descansado, ela não ia fazer nada com ele... Ela só estava bêbada. Encostei a cabeça à dela e dei-lhe festinhas na bochecha, limpando-lhe as lágrimas. Não sabia o que dizer, eu sabia que ela ainda estava chateada, porque se não estivesse não estaria completamente alterada e cheia de álcool. - Estás comigo agora Sammy, pára de chorar - pedi baixinho.

Encostei a minha cara à sua mão e solucei baixinho, tentando parar de chorar, tal como ele me pedira. Apertei o seu corpo com força contra o meu e agarrei na sua camisola com tanta força, que senti os nós dos meus dedos doerem.
- Ficas comigo para sempre, não ficas? - funguei.- não me troques, não gostes de mais ninguém.- abanei a cabeça.- fica só comigo.

Abracei-a com força fechando os olhos e comecei a embala-la como se ela fosse uma bebé. Suspirei com o que ela me pedia e assenti com a cabeça, ela devia saber que eu nunca iria fazer aquilo com ela. Eu amava-a demasiado para a deixar, ou para a trocar.
-Nunca - murmurei.

Deixei-me ficar muito quietinha, passando uma mão pela cara e funguei baixinho, fechando os olhos enquanto me agarrava a ele.
- Eu também nunca te vou trocar, nunca.- murmurei muito baixinho e escondi a minha cara mais no seu pescoço, ficando a sentir o seu cheirinho até adormecer aos poucos.

-Eu sei - murmurei ficando a dar-lhe festinhas até ela adormecer. Não consegui não sorrir quando a vi a dormir e beijei-lhe a bochecha e abracei-a com força, tapando-a para que ficasse mais quentinha, assim como eu, tinha que admitir que aquela casa de banho era gelada. Encostei a cabeça à dela e fechei os olhos, acabando por adormecer pouco depois.

Resmunguei quando a luz invadiu todo o espaço onde eu estava e senti uma enorme pontada na cabeça que me fez gemer baixinho e fechar os olhos com mais força.
- m****.- resmunguei, levando as mãos à cabeça e quando consegui abrir os olhos, olhei em volta. Mas onde é que eu estava? Fiz uma careta, piscando os olhos algumas vezes e quando vi Jack, lembrei-me de algumas partes da noite de ontem, mas não de todas. Engoli em seco, massajando a minha cabeça e deixei-me estar quieta, eu ainda não me tinha esquecido.

Abri os olhos por causa de movimento e por me sentir demasiado cansado para dormir, sim, estar demasiado cansado para dormir não era uma sensação muito boa. Fiquei a olhar para Sam quando vi que já estava acordada e não disse nada de início.
-Estás bem? - perguntei tocando com a ponta do dedo no seu cotovelo.

Eu sabia que ele já estava acordado, mas continuei a olhar em frente, mordendo a parte de dentro da minha bochecha. Apesar da minha dor de cabeça ainda me lembrava muito bem da nossa discussão, e do que ele tinha dito.
- Sem contar com a nossa discussão e com a minha dor de cabeça, sim, estou óptima.- murmurei.

Engoli em seco quando voltou a ser seca e encolhi os ombros, não ia mudar de ideias só por ela ficar chateada comigo, estava a fazer isto para o bem dela e do meu também. Olhei para a mini janela da casa de banho e agarrei-me mais às mantas.
-Ainda bem. - foi a unica coisa que eu consegui dizer, num tom muito baixo.

Eu sabia que isto não ia correr mesmo nada bem, éramos os dois teimosos e orgulhosos, sim, principalmente isso. Abanei a cabeça, levantando-me e revirei os olhos com a sua resposta.
- Sim, ainda bem.- murmurei e abri a porta da casa de banho, saindo. Cerrei o maxilar para calar um grito e abri também a porta do seu quarto, pronta para sair.

Estremeci quando ela se levantou de repente e saiu. Engoli em seco encolhendo-me leigeiramente e senti os meus olhos a arderem de novo, mas consegui recompôr-me e acabei por me endireitar, levantando-me e saindo até ao me quarto visto que ela ainda não tinha saído.
-Tens que parar com isto, eu não vou mudar de ideias, estou a pensar em nós os dois e estou a fazer isto porque quero. É uma decisão minha, respeita-a.

Estava prestes a sair do quarto, mas parei assim que ouvi a sua voz. Fechei as mãos em punho e acabei por guardá-las nos bolsos, virando-me para ele.
- Já te passou pela cabeça que eu estou mais preocupada com a tua saúda? - murmurei.- estamos a falar dos teus comprimidos e das tuas consultas, não é uma coisa qualquer Jack.- abanei a cabeça.- é uma decisão tua? E o que é que isso quer dizer? Que eu não posso ripostar? Que tenho de ouvir e calar só porque é a tua vida? Eu não faço parte dela? - as coisas saíram-me pela boca com uma velocidade incontrolável.

-Eu sei isso tudo - cerrei o maxilar ficando calado durante uns minutos - mas tu não tens dinheiro suficiente até arranjarmos emprego e eu não vou viver à tua custa. Não são coisas assim tão importantes, a médica disse que ia ficar tudo bem comigo se eu continuasse a comer equilibradamente, achas que por acaso eu vou comer equilibradamente se continuar a comprar e a pagar as consultas? - perguntei - os comprimidos não são assim tão importantes, não os tomo há uma semana e estou bem.

- Mas tu não ias viver à minha custa Jack.- tentei não gritar.- nós somos um casal, qual é a parte que ainda não percebeste?- levei as mãos ao cabelo, apertando-o ligeiramente.- e eu tenho formas de arranjar dinheiro, tu sabes muito bem disso.- revirei os olhos e quando disse que já não tomava os medicamentos à uma semana, cerrei o maxilar.- tu o quê?

-Tu não vais voltar a vender - gritei-lhe bem alto, eu ia endoidecer se isso acontecesse, eu detestava o gajo, ele só se queria aproveitar dela e sabia que ele não era de confiança. Ia arranjar alguma coisa para se fazer a ela ou obriga-la a fazer algo que ela não quisesse-se, eu sabia, eu sabia que sim. Senti o meu queixo tremer depois de lhe ter gritado tão alto, não queria tê-lo feito daquela maneira - eu não tomo há uma semana e eu estou bem.

Se o choro já estava difícil de controlar, ficou ainda mais com o seu berro. O meu coração apertou-se, os meus olhos encheram-se de lágrimas e eu recuei, parando quando as minhas costas embateram na porta. Ele tinha gritado comigo...tal como o...tal como o meu pai fazia. Abanei a cabeça, tapando a boca quando me saiu pela mesma um soluço e fechei os olhos quando algumas imagens me começaram a aparecer na cabeça. Não, não, não. Virei-me de costas para ele e abri a porta, saindo sem dizer mais nada.

Deixei que as lágrimas caíssem quando ela saiu. m****. Passei as mãos pelos meus olhos e apertei logo de seguida os punhos. Abri a boca sem sequer pensar e fui atrás dela - Sam, desculpa - pedi ainda logo dela - Desculpa - pedi mais baixo agarrando-lhe com cuidado na mão - desculpa, desculpa, desculpa - pedi muitas vezes - não queria ter gritado... eu, eu, eu, eu irritei-me.

Passei as mãos pela cara, tentando não tropeçar nos meus próprios passos e abanei a cabeça, soltando um suspiro quando ouvi a sua voz. Funguei, sentindo o meu coração quase desaparecer e quando me agarrou na mão, eu nem me mexi, ficando parada enquanto o ouvia falar. Eu odiava que gritassem comigo, era a pior coisa que me podiam fazer e...a forma como ele o tinha feito. Abanei a cabeça e voltei a limpar a cara, olhando-o por cima do ombro, com o queixo a tremer.
- Eu não gosto que me gritem..- disse tão baixinho que por momentos duvidei que me tivesse ouvido. Encolhi-me sobre o meu próprio corpo e senti-me tão desprotegida que me abracei a mim própria.

Mordi o lábio quando o senti a tremer de novo e baixei o olhar quando as lágrimas cairam na mesma - Eu sei - murmurei puxando-a devagarinho para a abraçar. Precisava tanto de um abraço dela, não queria estar chateado, mas não queria desistir da minha ideia. - Desculpa, não quis gritar - voltei a repetir apertando-a contra mim, encostando a minha cabeça ao seu ombro.

Passei as mãos pelas bochechas e respirei fundo, tentando parar de chorar, mas não conseguia por mais que quisesse. Parecia um bebé, não conseguia controlar o meu choro. O meu pai tinha razão, eu era fraca. Olhei-o quando o senti puxar-me e já só senti a minha cara embater no seu peito, levando-me a abraçar o seu corpo de forma imediata, chorando ainda mais ao ouvi-lo chorar.
- O que é que se passa connosco? - solucei.

Passei uma mão pela sua nuca, fechando os olhos com mais força e engoli os soluços todos, respirando fundo para me acalmar. Tinha que fazer isso, acalmar-me.
-Não voltes a vender - murmurei tão baixo que não sei se ela me ouviu - por favor, é a única coisa que eu te peço, não voltes. - levantei a cabeça passando a mão pela sua bochecha, enquanto a olhava.

Apertei a sua camisola nas minhas mãos e tentei calar os soluços que saíam pela minha boca de uma maneira descontrolada. Escondi mais a cara no seu peito e assenti ao seu pedido, chegando-me mais para ele. Eu já tinha percebido que ele não gostava que eu vendesse, se ele não queria, eu não ia fazer.
- Eu não volto.- sussurrei e encostei mais a minha cara à sua mão, com o queixo a tremer.- mas tu não vais mudar de ideias, pois não?

Senti o meu coração, que até então estava todo descontrolado, acalmar assim que ela disse que não ia vender mais. Abracei-a com força beijando-lhe o ombro e sorri levemente - obrigado - murmurei beijando-lhe a bochecha, porque não tinha a certeza que ela queria beijar-me a sério. Mordi o lábio com a sua pergunta e baixei o olhar, abanando a cabeça. - não.

Funguei, limpando a bochecha e senti os meus músculos relaxarem quando senti os braços de Jack apertarem-me contra o seu corpo. Escondi a cara no seu peito e apertei ainda mais a sua camisola nas minhas mãos, engolindo em seco quando disse o que eu já sabia.
- Assim não vais ficar bom.- murmurei baixinho e virei a cara quando senti o seu beijo na minha bochecha, ficando com os meus lábios encostados aos dele.- não consigo ficar mais chateada contigo.- suspirei.

-Mas eu já estou bem - murmurei - tu sabes disso - passei as mãos pelas suas bochechas molhadas e tentei limpa-las - eu não quero que estejas chateada comigo - murmurei com um suspiro - não fiques - encostei a cabeça à sua, roçando os meus lábios nos dela até a beijar. Eu já estava bem, o que podia fazer diferença era os comprimidos, mas ia correr tudo bem, eu sabia que sim.